“Chuva e temperatura afetam diretamente o ciclo de vida dos mosquitos. Os ovos dos mosquitos precisam de água para eclodir, e a sobrevida do mosquito depende de uma temperatura não muito baixa e nem muito alta, entre 20 °C e 30 °C é ideal para o mosquito. E em um cenário de mudanças climáticas, regiões como partes do Sul do Brasil, que não estavam acostumadas com surtos e epidemias de dengue, passaram a ter recentemente.”
“Boa parte dos recursos financeiros foi direcionada para o combate a essa infecção [COVID-19], em detrimento de uma endemia, que é a dengue. Com isso, as campanhas de prevenção e esclarecimento ficaram aquém do que a gente gostaria. Com certeza isso foi um impacto.”
“No início na pandemia, houve uma grande restrição da mobilidade, e isso, de certa forma, reduz a transmissão da dengue pois o vírus ‘anda’ de um lugar para outro através dos humanos infectados. Os mosquitos infectados não viajam longas distâncias. Essa redução da mobilidade em 2020 aconteceu justamente no momento de alta atividade de dengue no país. Já em 2021, tivemos uma grande onda associada à variante Gama, e nesse período a mobilidade não estava tão restrita, mas os hospitais cheios e as pessoas em alerta, assumindo que febre era mais provável de ser COVID-19 do que dengue. Logo, é possível que a COVID-19 tenha causado subnotificação de casos de dengue. Mesmo assim, epidemias de dengue aconteceram tanto em 2020 quanto em 2021.”
O Brasil pode erradicar novamente a dengue?
“A principal forma de enfrentamento da dengue, ou outras doenças transmitidas por mosquito, é o combate do vetor. O Aedes aegypti não é nativo do Brasil, então quando ele foi introduzido no país os métodos de controle eram mais eficientes, pois além dos mosquitos estarem em menor número ainda não eram resistentes a inseticidas como são os mosquitos atuais. Hoje, o enfrentamento é mais difícil, pois o mosquito está mais resistente e está se estabelecendo em regiões onde não havia mosquitos antes.”
Fonte: sputniknewsbrasil