Citroën C3 Live Pack seria escolha ideal se custasse menos; leia o teste


O carro prateado da foto é um Citroën C3 Live Pack. Se você está à procura de um hatch de entrada ou conhece alguém que esteja, ele seria a escolha natural para fazer — se custasse R$ 5 mil a menos.

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Os franceses têm uma expressão que descreve com perfeição esse argumento: une évidence. Em inglês, seria no-brainer. Ambos os termos referem-se a uma decisão fácil de tomar, tão óbvia que não requer raciocínio aprofundado.

Mas a realidade é outra. No site da marca, o C3 Live Pack custa R$ 80.990, pouco menos que Hyundai HB20 ou Chevrolet Onix. Até o meio-irmão Peugeot 208 Like entra na briga, já que parte de R$ 79.990 (em São Paulo).

Como os números não mentem, o ranking de vendas da Fenabrave deixa evidente qual é a decisão que o consumidor anda tomando. Polo, HB20, Onix e Argo são mais caros do que o C3, mas estão na liderança do mercado.

Mesmo assim, o C3 Live Pack, versão ideal para comprar, é um intrépido indo-franco-fluminense que merece atenção. Ele não desaponta na rua. É alto (1,59 metro), tem balanços curtos e um formato “quadradão”.

Essa receita garante um bom nível de espaço interno e alguma valentia na selva urbana. Passa incólume por valetas e lombadas e não fraqueja ao pé de uma ladeira. Seu franzino motor 1.0 de três cilindros, 75 cv e 10,7 kgfm — o mesmo que equipa Argo e 208 — enfrentou ladeiras sem problemas.

Esse C3 é um guerreiro urbano. No dia a dia do trânsito paulistano, chegamos a registrar 14,5 km/l com gasolina. Ele tem direção com assistência elétrica e rodas nas extremidades da carroceria. Isso facilita demais as manobras em lugares apertados.

O jeitão de SUV não compromete o espaço — e vou até me arriscar a chamá-lo de “espaçoso”. O problema está na estrada: a pouca potência requer que o motor trabalhe em alta rotação, o que torna o ambiente ruidoso.

Também faz falta um conta-giros no painel, o que poderia ajudar a conter o consumo e negociar melhor os tempos de trocas de marcha. Não foi possível fazer mais do que 13,5 km/l em uso rodoviário com gasolina, um pouco aquém do divulgado pelo Inmetro.

Fuja do C3 Live, o modelo mais básico, que tem um tampão horroroso de plástico no lugar em que fica a central multimídia do Live Pack. Esta tem tela de 10 polegadas, sensível ao toque, e sistema compatível com Apple CarPlay e Android Auto. Esse sistema incorpora os alto-falantes, uma porta USB-A na dianteira e o volante multifuncional — itens indisponíveis no C3 basicão.

Os outros recursos que justificam a diferença de R$ 8.000 entre o C3 Live e o C3 Live Pack são a chave com controle remoto (mas não do tipo “canivete”), vidro traseiro com desembaçador e limpador e banco do motorista com regulagem de altura. E só.

Os “recebidos pagos” do Live Pack são apenas esses. Porém, são equipamentos que fazem muita diferença no uso diário, inclusive para a segurança dos ocupantes, como o ajuste do banco do motorista e o limpador do vidro.

Nesse sentido, até a conectividade do multimídia com o celular do dono, bem como a navegação online, contribui para manter a atenção no trânsito. Os retrovisores externos com ajuste elétrico poderiam ser incluídos nesse pacote, mas só são ofertados a partir do C3 Feel 1.0, cujo preço começa em R$ 83.990.

Essa versão também acrescenta vidros traseiros com acionamento elétrico e dá outro passo em ergonomia: volante com regulagem de altura. Esse item é bem-vindo, claro, mas não é difícil encontrar uma posição de guiar confortável sem o recurso. Há outras falhas já tratadas durante o lançamento do C3, como o painel de instrumentos excessivamente simples (e pequeno) e a falta de chave do tipo canivete — isso vale para toda a gama.

Daí a distorção de percepção, já que o C3 First Edition Bi-Tom (com motor 1.6 e câmbio automático) ultrapassa a barreira dos R$ 100.000: custa R$ 102.490.

O C3 que aparece nestas imagens tem outro extra: a pintura metálica Cinza Artense, ao preço de R$ 1.500. Segundo a marca, é o tom mais selecionado no simulador. É possível adicionar protetor de cárter e barras protetoras nas laterais das portas por R$ 900 (custo do pacote Protection) e acessórios instalados na concessionária.

A Citroën pede R$ 6.711 por rodas de 15 polegadas (com pneus inclusos) e R$ 962 por um jogo de adesivos. São preços proibitivos, lógico. Porém, os sensores de estacionamento traseiros (compatíveis com a central Connect) saem por R$ 459, sem considerar a mão de obra.

E esse é o problema de um carro básico demais: você paga caro, mas sente que sempre falta algo para acrescentar.

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Fonte: direitonews

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