Citibank sugere reestruturação empresarial a Casas Bahia (VIIA3)


Reestruturação empresarial e não aumento de capital é o tratamento mais recomendado para o alto nível de alavancagem financeira apresentado atualmente pela Casas Bahia (VIIA3), na avaliação do  banco ianque Citibank (Citi), ao prever que as despesas companhia, este ano, devem superar R$ 3 bilhões, para um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 2,2 bilhões.

Ao anunciar recomendação neutra para o grupo varejista, com preço-alvo em R$ 2,30 e potencial de alta de 155,5% sobre o fechamento de ontem (14), o Citi, em nota, acentua que os R$ 622 milhões levantados pela empresa, mediante oferta subsequente de ações na B3 (B3SA3), embora contribuam para ‘aliviar’ o impacto da alavancagem e de suas despesas financeiras, “não resolvem o problema de sua estrutura de capital”.

Como agravante da situação adversa, o grupo varejista informou que a agência de risco S&P Global rebaixou, de brAA- para brA- (na Escala Nacional Brasil), o rating das três séries da 20ª emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), operada pela securitizadora Opea.

Sobre o rebaixamento, em três ou mais níveis, em relação ao rating inicial, segundo a empresa, pode ocorrer, em caso de vencimento antecipado não automático dos CRI e da 8ª Emissão de Debêntures.

Segundo a empresa, o rebaixamento do rating de crédito em três ou mais níveis em relação ao rating inicial é “hipótese de evento de vencimento antecipado não automático dos CRI e da 8ª Emissão de Debêntures”.

Pelos cálculos dos analistas João Pedro Soares, Felipe Reboredo e Sergio Matsumoto, a inclusão dos recursos, decorrentes do aumento e do bônus de subscrição, fez a alavancagem cair de 1,86 x  dívida líquida para 1,34 x a dívida líquida.

Penny stock – A desvalorização das ações do varejista – principal destaque negativo da sessão de ontem (14) na B3 – fez com que o valor do papel despencasse para o patamar de R$ 0,80, o que lhe valeu o ‘apelido’ de penny stock, em referência à moeda equivalente a um centavo, como é chamada por vários países.

Mas o ‘tombo’ das ações da Casas Bahia, a ponto de valerem menos do que R$ 1, caso se mantenha por 30 pregões consecutivos, segundo as regras da B3, sujeita a empresa a multas.

Outra medida ‘estética’, tendo em vista ‘amenizar’ o desgaste de imagem, a administração da companhia decidiu voltar a identificar a empresa como Grupo Casas Bahia (VIIA3) e não mais Via.

Por volta do final da manhã desta sexta-feira (15), as ações da varejista amargavam queda de 7,78%, mediante negociação a R$ 0,83. Estimativas dão conta de que, desde janeiro de 2016 até hoje, o papel da empresa acumula perda de quase 54%.

De acordo com balanço divulgado no mês passado, a Via reportou prejuízo de R$ 492 milhões no segundo trimestre deste ano (2T23), seguido do anúncio do lançamento de um novo plano de negócios, que reduz, em até R$ 1 bilhão, este ano, o montante financeiro relativo aos estoques; altera a forma de captação para financiamento do crediário, além de prever o fechamento de 50 a 100 lojas, até o fim de 2023.

Atualmente, a empresa de varejo apresenta uma dívida total (endividamento bruto) de R$ 3,7 bilhões, sem contar mais R$ 1,5 bilhão com risco sacado – operação de antecipação de recebíveis de fornecedores, com intermediação de instituições financeiras.

No entanto, se consideradas as chamadas ‘notas explicativas’ do balanço, o total de empréstimos e financiamentos chega a R$ 8,7 bilhões, dos quais, R$ 5 bilhões corresponderiam a repasses feitos a instituições financeiras, em operações com crediário, o que teria motivado a oferta pública de ações.

“A empresa apresentou ao mercado um importante plano de transformação, que já começou a ser implementado e em nossa visão pode trazer significativa melhora no desempenho operacional e estrutura de capital nos próximos anos. Entretanto, a desalavancagem deve ser postergada em pelo menos mais um ano em razão do ambiente macroeconômico”,  informou o relatório da S&P.

Fonte: capitalist

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