Um novo estudo sugere que anãs escuras — corpos celestes hipotéticos — podem existir no Universo, sendo alimentadas pela aniquilação de matéria escura. Esses objetos seriam praticamente eternos e, embora muito tênues, poderiam ser detectados por meio de características específicas. A proposta amplia as possibilidades de onde procurar sinais da elusiva matéria escura.
A matéria escura é uma substância invisível que não emite nem reflete luz, sendo detectada apenas por seus efeitos gravitacionais sobre a matéria comum. Apesar de décadas de busca, nenhuma evidência direta foi encontrada. Agora, cientistas do Reino Unido e dos EUA propõem que ela possa estar escondida no interior de anãs marrons.
© Foto / Sissa MedialabRepresentação artística de uma anã escura
Representação artística de uma anã escura
© Foto / Sissa Medialab
As anãs marrons são objetos maiores que planetas gasosos, mas menores que estrelas, e não possuem massa suficiente para iniciar a fusão nuclear. Elas vagam pelo espaço como corpos frios e pouco luminosos. No entanto, em regiões com alta concentração de matéria escura, essa substância pode se acumular em seus núcleos e gerar energia por meio da aniquilação de partículas.
Se a matéria escura for composta por partículas massivas de interação fraca (WIMPs, na sigla em inglês), que se aniquilam ao colidir, a energia gerada poderia sustentar essas anãs marrons, transformando-as em anãs escuras. Esse processo lhes conferiria brilho, temperatura e tamanho constantes, tornando-as praticamente eternas. Quanto mais matéria escura ao redor, mais intensa seria essa fonte de energia.
Para identificar essas anãs escuras, os pesquisadores sugerem procurar por lítio-7, um isótopo que se preserva em objetos frios como anãs marrons, mas é destruído em estrelas. Se um objeto se parecer com uma anã vermelha, mas contiver lítio-7, pode ser uma anã escura — e uma possível evidência da presença de matéria escura.
Contudo, essa hipótese depende da natureza específica da matéria escura. Se ela for composta por outras partículas, como áxions ou fótons escuros, o processo de aniquilação não ocorreria da mesma forma, e não haveria sinais visíveis. Além disso, ainda existe a possibilidade de que os efeitos atribuídos à matéria escura sejam causados por outra física ainda desconhecida.
Apesar das incertezas, explorar diferentes possibilidades é essencial para entender a matéria escura. Os cientistas destacam que diferentes observatórios podem buscar sinais variados dessa substância. No caso das anãs escuras, o melhor lugar para procurar seria o centro da Via Láctea, onde a concentração de matéria escura é mais elevada.
Fonte: sputniknewsbrasil