Quando a depressão ou ansiedade entram por uma porta, o amor pode acabar escapando por outra. Para muitos casais, é complicado lidar com o parceiro ou parceira que sofre de transtornos mentais ou emocionais. Tem gente que não sabe como agir ou responde de maneira impulsiva, o que acaba levando ao fim de muitos relacionamentos.
Além disso, quando uma pessoa está com a saúde mental abalada, ela acaba ficando indiferente à própria relação. “Deixamos de sentir prazer e de reconhecer o tempo presente. O sentimento de repulsa é comum e a rispidez se torna constante no relacionamento”, explica a terapeuta sexual e de autoconhecimento Priscila Pires.
Estudos científicos recentes comprovaram que a responsividade – capacidade de responder de forma rápida e adequada ao momento, também conhecida como “escuta de alta qualidade” – pode aumentar a conexão entre o casal, a vida social, e até mesmo ajudar no tratamento dos transtornos psicológicos.
Compreensão, validade e cuidado
As três palavras resumem bem o que os pesquisadores chamam de responsividade de qualidade, em estudo publicado em 2015 na revista científica Current Opinion in Psychology. A pesquisa mostra que um parceiro que está aberto a escutar e compreender o outro pode tornar o relacionamento mais saudável — e nem só os amorosos, mas também familiares, de amizade e de trabalho.
“Dê audição, colo, tempo e espaço para a pessoa. Abra espaço de silêncio e presença entre vocês. Se emocionem juntos, seja sorrindo ou chorando. Isso é muito importante para a saúde do casal”, ressalta Priscila.
Buscar entreter a pessoa com assuntos que ambos gostam também é uma forma de cuidar, afirma a terapeuta. Alguns exemplos são assistir filmes que os dois adoram, jogar um jogo, dar uma nova cara às paredes de casa ou montar uma horta. “Algo que ambos se sintam confortáveis, amados e em plena conexão”, completa.

A ansiedade é uma espécie de condição psíquica caracterizada por preocupação constante e excessiva de que algo negativo possa acontecer. Segundo pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é, ainda, uma sensação difusa de desconforto carregado por sentimento frequente de apreensão que pode desencadear transtornosPeter Dazeley/ Getty Images

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo, e registrou ainda mais casos da condição durante a pandemia da Covid-19. Além de adultos, a ansiedade também pode se manifestar em crianças por diversos motivos, como divórcio dos pais, provas ou problemas na escola, por exemploElva Etienne/ Getty Images

Apesar de ser considerada relativamente comum, uma vez que pode atingir qualquer pessoa por qualquer motivo, a ansiedade se torna um verdadeiro problema quando tudo vira motivo de preocupação exagerada e o paciente passa a apresentar crisesTara Moore/ Getty Images

A crise de ansiedade é uma situação que causa grande sensação de angústia, nervosismo e insegurança, como se algo de muito mau, e que foge completamente do controle, fosse acontecer a qualquer momento Getty Images

A crise surge, normalmente, devido a situações estressantes específicas e que geram gatilho, como precisar fazer uma apresentação, ter prazo curto para entregar um trabalho, estar em algum lugar que não gostaria ou ter sofrido uma perda, por exemploTara Moore/ Getty Images

Entre os sintomas de uma crise de ansiedade estão: batimentos cardíacos acelerados, sensação de falta de ar, formigamento no corpo, sensação de leveza na cabeça, dor no peito, náuseas, transpiração excessiva, tremores, entre outrosHolly Wilmeth/ Getty Images

Estes sintomas ocorrem devido ao aumento do hormônio adrenalina na corrente sanguínea, algo normal quando a pessoa enfrenta um momento importante. Contudo, se os sintomas se tornarem constantes, podem sinalizar um transtorno de ansiedade generalizadaKlaus Vedfelt/ Getty Images

O que se deve fazer durante uma crise de ansiedade depende da gravidade e da frequência dos sintomas e, por isso, o ideal é sempre receber aconselhamento especializado, de um psiquiatra ou psicóloga MICROGEN IMAGES/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images

Apesar disso, realizar exercícios de respiração, ingerir chá calmante, tentar conversar com alguém de confiança, descansar, desligar a mente, fazer atividades físicas que goste ou tentar manter o pensamento em algo que dê conforto são algumas dicas que podem ajudar a aliviar o problemaJamie Grill/ Getty Images

Quando a crise de ansiedade acontece pela primeira vez, ou não se tem certeza do que está acontecendo, é importante procurar um hospital para garantir que não seja outro problema mais grave, como o infartoScience Photo Library/ Getty Images

De qualquer forma, caso as crises sejam frequentes, um especialista deve ser procurado para identificar a causa e iniciar um tratamentoFiordaliso/ Getty Images

A ansiedade pode desencadear problemas que, dependendo dos sintomas, podem ser classificados como Transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobia social, síndrome do pânico, entre outros. Esses problemas podem gerar impacto na vida pessoal e profissional do paciente, por isso o quanto antes for diagnosticado, menos problemas serão enfrentadoskupicoo/ Getty Images
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Converse sobre tudo
Outro estudo, publicado pela editora científica Wiley, destacou a importância da escuta e da conversa de qualidade em relacionamentos responsivos. Priscila reforça o ponto levantado pela pesquisa e complementa com algumas dicas de como um pode puxar papo com outro, aumentando a conexão e a empatia.
“Vocês podem conversar sobre o dia, a semana, o tempo, as emoções, os desafios e as conquistas de cada um na vida pessoal e no trabalho. A conversa e exposição de sentimentos, regularmente, gera autoconhecimento conjugal e fortalece a relação”, ressalta.
Respeite o sentimento
Para finalizar, a terapeuta lembra que só quem sofre de um problema sabe o tamanho e a importância dele. Ela conta, ainda, que muitos não conseguem se abrir ou se manifestam de maneiras diferentes. Então, respeitar o comportamento do outro é fundamental.
“Nem todos aprendem a expor os sentimentos e, principalmente, receber acolhimento. Respeitar a privacidade e o sentimento do outro e, quando sentir que pode, dialogar e discutir sobre assuntos do dia-a-dia e do lar, inclusive as finanças, são fatores que podem melhorar ou manter a saúde pessoal e conjugal”, conclui.
Ela ressalta que ninguém pode se sentir culpado pelo outro estar com um problema emocional. A culpa nunca ajuda. Caso os problemas emocionais persistam, é importante que um apoie o outro a buscar ajuda, além de auxiliar no tratamento, quando ele for prescrito por um profissional de saúde.
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