Cidades na fronteira com a Argentina sofrem com infestação perigosa na cebola


Auditores fiscais federais agropecuários estão enfrentando um surto de infestação de insetos em cebolas na fronteira do sul do Brasil com a Argentina. Desde meados de março, foi identificada a presença da praga em mercadorias nas cidades de Porto Xavier e São Borja, no Rio Grande do Sul, que chegaram no país por importações regulares e ameaçam a produção agropecuária brasileira. Os produtos estão sendo analisados para confirmar se há ou não a presença de espécies quarentenárias, que colocam plantações em perigo.

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Em razão do cenário, entrou em ação o protocolo de alerta de risco de pragas, cujo primeiro passo é justamente a identificação de possíveis problemas na mercadoria. Com isso, foram enviadas amostras a um laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para fazer a análise. Caso a carga contenha uma praga que ofereça algum risco, ela é devolvida ao país de origem, protocolo que acontece com qualquer produto de origem vegetal ou animal.

“Essa prática é realizada para proteger a agricultura brasileira, evitando que novas pragas e doenças de plantas e animais entrem no país e prejudiquem a produção agropecuária. O Brasil, como um dos maiores produtores de alimentos do planeta e um dos principais exportadores, não deve abrir mão dessa segurança”, ressaltou o auditor fiscal federal agropecuário Marshal Biscaino.

Até o momento, as análises ainda não identificaram insetos de espécies quarentenárias na cebola em Porto Xavier. Contudo, outras unidades em São Borja e Dionísio Cerqueira (SC) encontraram tais pragas. O termo define como são chamados tecnicamente os organismos potencialmente prejudiciais à agricultura, à saúde humana ou ao meio ambiente e, portanto, devem ser sujeitos a medidas de quarentena para prevenir sua introdução e disseminação em determinadas regiões ou países.

“A espécie predominante está sendo a Carpofilos dimidiatus, que não apresenta riscos, pois já está presente no Brasil. Entretanto, dentro do mesmo gênero existe a Carpophilus freemani, que é quarentenária, ou seja, um inseto que não está presente no país e, caso entre, pode se disseminar e infestar nossa produção, não apenas de cebola, mas outras culturas. Por esse motivo, todas as ocorrências que são encontradas são enviadas amostras ao laboratório para nos certificarmos de que não há perigo na atividade”, explicou o auditor.

Problema maior

Outro problema enfrentado pelos auditores agropecuários na fronteira é a falta de profissionais disponíveis para atuar no controle das doenças e pragas. Alguns pontos da fronteira deveriam ter uma unidade de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), mas muitos estão fechados ou sequer estão instalados por falta de pessoal. Além disso, outras unidades operam com poucos servidores, dificultando a eficiência e a rapidez para atender as demandas. Na unidade de Porto Xavier, são apenas três servidores.

Os auditores avaliam as condições de qualidade e identidade dos produtos agrícolas importados, evitando, por exemplo, que cheguem itens de má qualidade à mesa dos consumidores. Isso vale para produtos nacionais e importados, pois contribui para a segurança alimentar da população.

“Quando surgem situações atípicas, acaba multiplicando o trabalho da equipe. Em casos normais, conseguimos conferir e liberar 50 a 70 cargas por dia, mas nessas condições mal conseguimos superar 20. Isso sem considerar eventuais ocorrências de sistemas fora do ar, quedas de energia, internet ou outros incidentes, como computadores e veículos antigos ou materiais de trabalho precários. É muito serviço para pouca gente. Isso atrapalha o trabalho de quem está aqui e também atrasa o processo, porque não conseguimos resolver tudo com rapidez”, detalhou o profissional.

Fonte: noticiasagricolas

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