“Querem que a gente vá para um lugar sem condições, lotado e sem recursos. Não temos dinheiro para transporte ou tendas. As pessoas estão esgotadas e passando fome”, disse Samer Abu Samra, pai de quatro filhos, à Xinhua.
Conforme a reportagem, moradores também relataram que a experiência prévia do deslocamento é motivo suficiente para resistir diante da falta de segurança.
“Só nos resta a vida, mas a fuga significaria perder também a dignidade”, afirmou Umm Mohammed Jaber. Já Om Alaa Abu Ajwa, que montava uma tenda perto da praia de Gaza, disse à Xinhua ter decidido retornar: “No sul, a vida se tornou impossível. Preferimos morrer em nossa cidade do que em barracas sem água nem comida“.
Estimativas de ativistas locais citados pela agência apontam que cerca de 80% da população da Cidade de Gaza optou por não sair.
Mais cedo, as Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram a criação de uma nova “zona humanitária”, alegando que o espaço, dotado de infraestrutura básica, garantirá a entrada de alimentos, medicamentos e abrigo.
Nas últimas semanas, Israel ampliou os bombardeios na região, atingindo prédios residenciais. Na sexta (5), as forças israelenses demoliram a torre Mushtaha, de 13 andares, no oeste da cidade, justificando que o Hamas utilizava o edifício para atividades de inteligência. A administração do prédio negou, afirmando que o local abrigava apenas civis deslocados desde 2023.
Já neste sábado, caças israelenses destruíram a torre al-Sousi, de 15 andares, provocando danos severos em imóveis e comércios vizinhos.
O Hamas classificou os ataques como parte de uma “política sistemática de deslocamento” e reiterou sua adesão à proposta de cessar-fogo de 60 dias apresentada por Catar e Egito em 18 de agosto. Até o momento, a guerra israelense travada na região já provocou a morte de mais de 64 mil palestinos.
Fonte: sputniknewsbrasil