China vira a grande resistência dos sedãs contra a extinção


O destino dos sedãs será o mesmo das peruas. Você já deve ter escutado ou lido esta sentença. O curso inevitável da indústria automotiva levará os modelos de três volumes a serem substituídos por SUVs. Ou, mais precisamente, por SUVs cupês. Mas há um país que subverte essa lógica e deve adiar por alguns longos anos a possível extinção dos sedãs. Felizmente. E estamos falando logo da China, o maior mercado do mundo.

Basta caminhar um pouco pela região central da capital chinesa, Pequim, para entender o fenômeno. Há muitos sedãs rodando por lá. Muitos mesmo. Quase todos de porte grande, como o local BYD Han e os japoneses Honda Accord e Toyota Camry. Mas há também os médios, como o Nissan Sylphy (o nosso Sentra), o Toyota Corolla e o BYD Qin Plus (que aqui será vendido como King).

Aliás, dos dez carros mais vendidos na China em 2023, cinco são sedãs. O BYD Qin Plus é o segundo colocado, com 455.863 unidades comercializadas no ano passado, contra 376.109 do Nissan Sylphy (quarto), 351.931 do Volkswagen Lavida (sétimo), 300.897 do Tesla Model 3 (oitavo) e 280.029 do Volkswagen Sagitar (décimo).

E olha que a vida dos três-volumes por lá já foi mais majestosa. Em 2019, logo antes da pandemia, eles reinavam no top-10 ocupando cinco das seis primeiras posições, com liderança do Sylphy e presença do Corolla em quarto lugar. Hoje, o carro mais vendido no país é um SUV, o Tesla Model Y, o que mostra que na China, apesar da resistência, os sedãs também enfrentam um período de perda nas vendas para os utilitários esportivos.

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Os números não deixam mentir: em 2021, o segmento de carros de passeio (aglomerado com hatch e sedã) representava mais de 40% do mercado chinês. No primeiro trimestre deste ano, o percentual caiu para 36%, após registrar 41,5% em 2022 e 39,3% no fechamento do ano passado. Vale observar que a China não separa hatches e sedãs ao divulgar os balanços de venda por categoria, mas os veículos de três volumes são ampla maioria nesse grupo.

Se serve de consolo, os sedãs ainda ocupam uma fatia muito mais relevante na realidade da China do que em outras regiões. No Brasil e na Europa, por exemplo, eles representam não muito mais do que 15% das vendas anuais. Nos Estados Unidos, estão tão em baixa que as duas principais fabricantes do país, GM (a dona da Chevrolet) e Ford, decidiram abandonar o segmento para apostar exclusivamente em SUVs e picapes.

Assim, a China monopoliza hoje mais de 50% de todas as vendas de sedãs no mundo. Ou seja, se as montadoras ainda não desistiram de vez desse tipo de carroceria, como fizeram com as peruas, muito se deve à resiliência dos chineses.

Mas, afinal, por que os chineses são tão apegados aos sedãs? Questões culturais. Desde o fortalecimento da indústria local e a aposta na urbanização da população, a China sempre teve o sedã como tipo de veículo protagonista e favorito da população. Tanto que, por lá, popularizaram-se os modelos conhecidos como “L”, limusines, com entre-eixos alongado em relação a outros mercados.

Como as ruas das grandes cidades chinesas são impecavelmente bem asfaltadas e a maioria das metrópoles fica em áreas planas, sem grandes mudanças de relevo, os chineses não carecem tanto de veículos com ângulos de transposição e vão livre do solo generosos, como os brasileiros.

E, assim, a China vai adiando a aparentemente inevitável extinção dos sedãs e surpreendendo turistas como eu, que já desacostumados a ver tantos modelos do tipo nas ruas do Brasil.

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Fonte: direitonews

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