Chevrolet S10 Midnight tenta manter picape atrativa, mas renovação já bate à porta; teste


Ranger, F-150, Maverick híbrida, Titano, Rampage. O segmento de picapes está em ebulição no Brasil. Os modelos citados são apenas alguns dos lançamentos que aconteceram desde o início do ano ou ainda devem ocorrer nos próximos meses. Na linha Chevrolet, Montana e Silverado são os grandes destaques. Mas há uma outra novidade, bem menos celebrada. É a S10 Midnight, que volta à família depois de cinco anos e com preço de R$ 310.100.

Só que a versão 2024 chega em um momento bem distinto. Além de uma concorrência fortalecida e a disputa interna por um lugar ao sol, a nova Midnight tem a missão de manter a S10 atrativa pouco tempo antes da chegada de uma versão profundamente renovada, o que deve acontecer no ano que vem.

A fórmula é conhecida: visual escurecido com emblemas, rodas e grade pintados de preto. Mas uma das novidades é que a carroceria pode receber outras duas tonalidades além da preta: cinza e azul. Fora isso, há santantônio integrado e emblemas exclusivos com o nome da versão no painel interno e também do lado de fora das portas.

A lista de equipamentos não vai muito além do que uma S10 LT oferece. Além do pacote visual, a Midnight acrescenta apenas bancos de couro – muito pouco para justificar os quase R$ 15 mil de diferença entre as configurações.

O pacote de itens de série é composto por ar-condicionado, direção elétrica, central multimídia com tela de 7 polegadas e conexões com Android Auto e Apple CarPlay, wi-fi integrado, câmera de ré, sensor de estacionamento, capota marítima, airbags laterais e de cortina, controlador de velocidade e auxílio de descidas.

Fazem falta o estribo para facilitar o embarque e a tampa da caçamba com abertura mais suave, ainda que a mola a gás deixe a missão menos árdua. Não há qualquer auxílio à condução como frenagem automática de emergência ou alerta de saída de faixa. Menos pior que as concorrentes diretas (Nissan Frontier Attack e Ford Ranger FX4) se equiparam (por baixo) nesse critério.

Como em todas as demais versões, a S10 Midnight é equipada com motor 2.8 turbodiesel de 200 cv e 51 kgfm de torque, câmbio automático de seis marchas e tração é 4×4 com seletor. Ou seja, não há qualquer vantagem em termos de desempenho para a opção mais em conta, LT.

Com onze anos de estrada, a S10 já demonstra alguns sinais do tempo. A central multimídia tem tela pequena, apenas 7 polegadas, e o quadro de instrumentos é convencional, com um pequeno computador de bordo monocromático. Como comparação, a nova geração da Ranger tem duas telas de 12 polegadas cada para cumprir essas funções. Já o motor não tem funcionamento tão suave quanto o da versão mais recente da Toyota Hilux, por exemplo.

Há outras pequenas falhas na ergonomia, como o volante ajustável apenas em altura e os bancos com pouco apoio para o corpo. Além disso, o acabamento é repleto de plástico duro em um momento em que picapes muitas vezes são comparadas com carros de luxo.

Mas a S10 compensa parte dessas deficiências com um conjunto mecânico competente. O torque se destaca positivamente como um dos maiores entre as picapes médias – perde apenas para o V6 da Volkswagen Amarok.

Essa característica faz com que as respostas sejam sempre ágeis (para uma picape média de mais de 2 toneladas), já que o torque máximo é entregue a apenas 2 mil rotações por minuto. O câmbio de seis marchas cumpre sua função ao realizar as trocas quase sempre na hora certa.

Mesmo em situações em que há certa demora, é possível fazer passagens de forma manual colocando a alavanca para a esquerda. Não há aletas para trocas atrás do volante. Mas cá entre nós, esse é um recurso bastante dispensável em uma picape – mesmo que ela tenha apelo visual esportivo.

O consumo de combustível é outro ponto positivo. Na estrada, em um trajeto de aproximadamente 800 km no convívio da Autoesporte com a caminhonete, o computador de bordo registrou 11 km/l, muito próximo ao número oficial do Inmetro, de 10,9 km/l. Assim, a autonomia pode passar de 800 km, considerando o tanque de 76 litros. Na cidade, a média é um pouco mais baixa, com alcance aproximado de 650 km graças aos 8,6 km/l registrados no órgão oficial de medições.

Em um curto trajeto de terra, a capota marítima demonstrou bom isolamento de poeira para a caçamba, preservando a cor preta das malas. Mas na cabine, passageiros do banco traseiro não vão conseguir escapar dos sacolejos típicos, algo que pode ser corrigido no ano que vem, quando a S10 passar por uma renovação profunda.

Mas ao que tudo indica, a Chevrolet seguirá um caminho diferente da Ford e não vai promover uma troca completa de gerações para sua picape mais conhecida. No último flagra, foi possível observar que a S10 terá uma dianteira e traseira completamente remodeladas, mas deve preservar a área central, incluindo o formato das portas – uma das partes mais caras de se desenvolver. Ao menos a cabine deve ser modernizada e seguir linhas semelhantes às da Colorado norte-americana.

Até lá, a S10 terá que se virar contra rivais modernizadas há menos tempo. E o pior de tudo é que a versão Midnight custa mais do que a concorrente direta, Nissan Frontier Attack (R$ 275.790). Se quiser, a Ford Ranger FX4 atual é tabelada em R$ 308.190, mas certamente será vendida com descontos generosos para abrir espaço para a nova geração. Parece que nem mesmo o visual escuro deve conseguir tirar a S10 Midnight das sombras das outras picapes médias.

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Fonte: direitonews

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