Neste 10 de janeiro de 2024 completam-se exatos 30 anos do lançamento do Chevrolet Corsa no Brasil. Com a difícil missão de suceder o icônico Chevette, o hatch compacto marcou época. Fez sucesso nas vendas, teve versões marcantes e foi eleito duas vezes o Carro do Ano da Autoesporte. Hoje, vamos relembrar a trajetória do Corsa, que foi vendido por mais de duas décadas no país.
O ano de 1994 é memorável: a seleção conquistou o tetracampeonato mundial da Copa do Mundo, Ayrton Senna morreu e importantes movimentações políticas e econômicas impactaram o país, como a criação do Plano Real. Nada disso havia acontecido no dia 10 de janeiro, quando o Chevrolet Corsa foi lançado por aqui. Tratava-se da 2ª geração do Opel Corsa alemão, lançado ano antes na Europa, em 1993. A primeira geração é de 1983.
Fabricado em São Caetano do Sul (SP), como já mencionado, o Corsa tinha a missão de substituir o Chevette, fenômeno de vendas que ficou no mercado de 1973 até 1994. Inicialmente, o modelo só era vendido na versão Wind com motor 1.0 a gasolina de 50 cv e câmbio manual de cinco marchas. A carroceria era apenas a hatchback de três portas.
Na edição de 1994 da revista Autoesporte, Chevrolet Corsa Wind e Fiat Uno Mille ELX se enfrentaram no que era, na época, um dos comparativos mais aguardados do Brasil. Os carros custavam o equivalente a cerca de R$ 7 mil. Para contextualizar o cenário econômico, o salário mínimo da época era R$ 70,00.
Por ser baseado no projeto europeu, o Corsa trouxe novidades importantes em tecnologia, conforto e visual, que fugia bastante das linha quadradas dos concorrentes da época, como o próprio Uno. Entre as inovações, a mais importante era: sistema de injeção eletrônica. A média de consumo também era boa para época: 12,5 km/l e 14,9 km/l, em cidade e estrada, respectivamente.
O Corsa também tinha cintos dianteiros com ajustes de altura, luzes automáticas, que se acendiam quando qualquer porta era aberta, e sistema de recirculação de ar interna. O modelo pode ser considerado o carro de entrada mais moderno do Brasil naquele tempo.
Em relação ao tamanho, o Corsa tinha 3,64 metros de comprimento, entre-eixos de 2,44 m e 260 litros de capacidade no porta-malas. Para se ter uma noção, um Fiat Mobi, que hoje é o menor carro de entrada do Brasil, tem 3,57 m de comprimento, 2,30 m de entre-eixos e porta-malas com 200 litros de capacidade.
Meses após o lançamento, a Chevrolet apresentou a versão GL, com motor 1.4 de 60 cv e, durante o Salão do Automóvel de 1994, lançou a edição esportiva GSi, que além de ter motor 1.6 16V de 108 cv e ser importado da Hungria, também tinha sistema de freios ABS. O modelo era uma resposta da Chevrolet pra o Volkswagen Gol GTi e o Fiat Uno Turbo — lançado naquele mesmo ano.
Um ano após o lançamento, em 1995, a versão GL tem uma nova opção com quatro portas e outras carrocerias são apresentadas. Primeiro chega a picape do Corsa, com motorização 1.6, e no final do ano chega o Corsa sedã, com o mesmo propulsor. A versão perua, Corsa Wagon, veio somente em 1997.
O grande feito do Corsa na década de 1990 foi em 1995 e 1996, ao vencer o Carro da Ano por duas vezes seguidas. Para ver a lista completa de campeões, que tem o BYD Dolphin como atual campeão, clique aqui.
Em 1997, além do lançamento da perua, a Chevrolet decidiu homenagear o primeiro tricampeão mundial brasileiro da Fórmula 1, Nelson Piquet. A versão batizada de Corsa Piquet tinha motor 1.0 de 50 cv, pintura amarela, e somente 120 unidades foram produzidas.
E depois, em 1998, lançou o Corsa Champ 98, para homenagear a seleção brasileira que buscava o pentacampeonato da Copa do Mundo na França — que só veio em 2002 no mundial da Coréia do Sul e Japão. Disponível nas versões de duas e quatro portas, e também para a picape, o modelo tinha pintura verde escuro e motor 1.0 no hatch e 1.6 na opção com caçamba.
Em 1999, a Chevrolet fez algumas alterações visuais e lançou o motor 1.0 16V de 68 cv para carrocerias hatch, sedã e perua. Naquela final de década o Corsa já tinha virado um sucesso de vendas em todas as carrocerias, principalmente hatch e sedã. Mas ai veio o que muitos chamaram na época de o “bug do milênio”.
Em 2000, o Corsa passou por um dos maiores recalls da história, com 1,3 milhão carros convocados (que incluía hatches, sedans, picapes e peruas), sendo pouco mais de 1 milhão de unidades no Brasil e 264 mil carros da linha Corsa exportados para países da América Latina e Europa.
Todos os modelos da linha Corsa fabricados entre 1994 e 1999 apresentavam um grave defeito nos cintos de segurança dianteiros. A peça de encaixe ia desgastando conforme o uso e poderia romper o cinto no caso de acidente. Na época, a imprensa divulgou que 25 acidentes, com duas mortes, estavam ligados a este problema.
Enquanto em 2000 para 2001 a terceira geração do Opel Corsa alemão entrava em produção na Europa, o modelo brasileiro seguia em produção com uma leve renovação no estilo desde o lançamento. Somente em 2002 que o hatch recebeu sua primeira grande mudança, e passou a ser chamado de “Novo Corsa”.
Inspirado no modelo alemão, o brasileiro tinha algumas mudanças visuais em relação ao europeu, mas era totalmente novo em relação ao anterior daqui. Saia de cena o motor 1.0 16V, para a chegada do novo 1.0 8V de 71 cv e outra opção 1.8 8V de 102 cv. O motor 1.4 de 106 cv veio somente em 2008.
O hatch também ficou maior do que a geração anterior: 3,82 m de comprimento (+18 cm), entre-eixos de 2,49 cm (+4 cm) e porta-malas com capacidade igual para 260 litros.
A partir de 2003, a configuração sedã do Corsa passou a se chamar Classic, com objetivo de se distanciar do hatch. A Chevrolet também lançou mais dois modelos derivados do Novo Corsa: a minivan Meriva (em 2002), e a picape Montana (2003).
O Corsa nunca chegou a ser líder de vendas desde que a Fenabrave, associação que representa as concessionárias, começou a computar os emplacamentos em 2003. Porém, o modelo sempre teve ótimo volume de vendas, principalmente na década de 1990. O problema é que o na sua época tinha outros modelos com muita força no mercado, como Volkswagen Gol, Fiat Palio e Fiat Uno.
O seu auge nas vendas em posição no ranking foi em 2003: 9º lugar e 34.430 emplacamentos. Entretanto, em relação ao volume, seu melhor ano foi 2008, com 47.300 unidades licenciadas, mas apenas o 13º lugar no ranking.
Os anos foram passando, o Corsa não mudou muito, e perdeu espaço com a chegada do Agile, em 2010. Seu capitulo final foi em 25 de julho de 2012, quando a Chevrolet decidiu encerrar a produção em São José dos Campos, no interior de São Paulo, após 18 anos no mercado. Meses depois, no mesmo ano, a marca lançou o Onix como o seu sucessor.
Confira abaixo o desempenho de vendas do Chevrolet Corsa desde 2003:
Não só existe, como Autoesporte testou o modelo vendido na Europa, o Opel Corsa elétrico — 6ª geração do carro. A Chevrolet não tem nenhum plano de trazer o modelo para o Brasil, e talvez nem possa, considerando que a General Motors vendeu a Opel para a Stellantis.
O Corsa quase completou duas décadas à venda no Brasil e encheu as ruas entre o final do século passado e a primeira década do atual. Pioneirismo para o segmento, recall histórico e sucesso de vendas ao suceder o Chevette, podemos dizer com toda certeza que o Corsa é um dos carros mais marcantes dos últimos 30 anos.
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Fonte: direitonews