Charles III pode vir a ser o último monarca britânico, dizem analistas


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Em 10 de setembro, o príncipe Charles foi oficialmente proclamado rei Charles III. No trono, ele sucede à falecida mãe Elizabeth II, que reinou por mais de 70 anos.

“Dada a crise em que toda a Europa se encontra, enquanto o Reino Unido dificultou ainda mais a sua vida com o Brexit, o instituto da monarquia pode vir a ser um fardo, com Charles III podendo se tornar o último Windsor no trono britânico. Se a situação econômica piorar, incluindo devido à alta dos preços da energia, os britânicos podem questionar: para que é que gastar centenas de milhões de libras esterlinas em uma família de aristocratas que não desempenha nenhum papel útil no governo do país?”, opina incluindo o diretor da Sociedade Histórico-Militar Russa, Mikhail Myagkov.

Príncipe da Grã-Bretanha, Charles - Sputnik Brasil, 1920, 10.09.2022

O historiador lembrou que as discussões sobre a viabilidade da dinastia que tem governado o país formalmente têm sido conduzidas na sociedade britânica até durante o reinado de Elizabeth II. Contudo, a rainha conseguiu se tornar símbolo da sua nação: o próprio fato de ela ter reinado 70 longos anos simboliza a estabilidade do Reino Unido.
Segundo a opinião de outro analista entrevistado pela Sputnik, Qian Feng, pesquisador sênior do centro analítico Taipeh, Charles III pode enfrentar dificuldades em manter os Estados da Comunidade das Nações devido à sua falta de carisma, carisma que a rainha falecida possuía.

“Embora o monarca seja apenas formalmente Chefe de Estado, pode-se dizer que, ao longo de toda a sua vida, a rainha Elizabeth II foi a figura-chave na manutenção da unidade de todo o Reino Unido e da Comunidade [das Nações]. Apesar de ter se distanciado das disputas políticas, ela garantia um equilíbrio frágil e, graças à sua influência, repetidamente conduziu a família real britânica através de crises, cumprindo múltiplos deveres como monarca, esposa e mãe”, acredita Qian Feng.

Rainha Elizabeth II em sua carruagem deixando o Palácio de Buckingham para a abertura do Parlamento em Londres, 6 de dezembro de 2000 - Sputnik Brasil, 1920, 09.09.2022

O especialista salientou que a morte da rainha coincidiu com um momento constrangedor em que o Reino Unido cedeu o lugar de quinta economia mundial à Índia, que antes era sua colônia, e em que o país se defronta com uma inflação alta e a redução de padrões de vida.

“Estes problemas internos e externos que o Reino Unido está enfrentando são inevitavelmente interpretados como profecias sobre o futuro declínio do país. No que diz respeito à nova primeira-ministra Liz Truss, ela, assim que assumiu o cargo, já começou a ser criticada por muitos políticos”, acrescentou o especialista.

O analista sublinhou que há pouco a libra esterlina caiu até o nível mais baixo desde 1985 em relação ao dólar devido às preocupações do mercado sobre grandes empréstimos do governo Truss para levar a cabo o plano de apoio ao setor energético.

“Elizabeth não foi apenas rainha do Reino Unido. Também foi chefe de mais de 10 outros Estados soberanos. Contudo, nos últimos anos, o Canadá, Austrália, Nova Zelândia e outros países têm discutido a questão de privar os monarcas britânicos do status de chefe de seus Estados. No último ano de vida da rainha, o Estado insular de Barbados decidiu sair da Comunidade das Nações e elegeu o seu próprio presidente. Desde então, não honram a rainha como chefe de Estado e se converteram em república”, disse.

Imagem da rainha Elizabeth II da Inglaterra exibida no Piccadilly Circus, no centro de Londres, 8 de setembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 09.09.2022

Conforme Qian Feng, “a rainha Elizabeth não conseguiu acabar com essa tendência em vida, enquanto o novo rei Charles III pode não ter suficiente carisma e poder inspirador, que a rainha tinha, com a tendência podendo se acelerar ainda mais”.
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