Enquanto o mundo discute a extensão do cessar-fogo entre Israel e Hamas, persistem as divergências entre membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), assim como se mantém a tensão global, ante aos sinais preocupantes de desaceleração econômica da China, segunda maior economia do planeta. Assim, os investidores buscam ‘calibrar’ suas expectativas quanto ao impacto desses fatores na oferta de petróleo.
Como reflexo, o tipo WTI (referência ianque), negociado na New York Mercantile Exchange (Nymex) com vencimento em janeiro de 2024, baixou 0,90% (-US$ 0,68) a US$ 74,86 o barril, ao passo que o similar, tipo Brent (referência global), negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 0,75% (-US$ 0,61) a US$ 79,87 o barril.
O entendimento de especialistas é de que o tom aparentemente ‘apaziguador’ protagonizado entre Israel e Hamas, com relação à trégua humanitária (que teria sido prorrogada por mais dois dias), serviu para reforçar a perspectiva de que o conflito geopolítico não deverá impor riscos de interrupção da oferta da commodity, o que contribuiu para segurar seus preços.
Nesse sentido, estaria havendo ‘resistência’ de alguns membros da Opep à proposta da Arábia Saudita, de redução das cotas de produção de petróleo, tendo em vista forçar a alta do insumo energético, conforme veiculou a agência de notícias econômicas ianque Bloomberg. Caso não prosperem as pressões pela restrição de oferta do petróleo, seus preços tendem a cair.
Ao destacar que o adiamento da reunião da Opep, de domingo (26), para a próxima quinta-feira (30) indica discordância dentro do cartel, o analista da Oanda, Craig Erlam acentuou que “o grupo sempre encontrou uma maneira de chegar a um acordo, mesmo que isso significasse que os maiores produtores assumam mais compromissos adicionais. Então, provavelmente é seguro dizer que algo semelhante será alcançado nesta semana. Mas a questão é até onde eles irão, dada a tendência recente de queda dos preços do petróleo e as preocupações crescentes em torno do crescimento global”.
Já na avaliação do analista-chefe de Mercados da Spartan Capital, Peter Cardillo, o encontro da Opep+ deverá resultar em preços ainda menores de petróleo, à medida que o grupo permanece ‘fragmentado’.
Um terceiro fator em pauta, o desaquecimento da economia chinesa (recuo do lucro industrial do gigante asiático) é outra fonte de preocupação do mercado. Para complicar mais a situação, no setor financeiro, funcionários da gigante de crédito Zhongzhi Enterprise receberam a visita de agentes da polícia de Pequim, devido à problemas ligados ao sistema bancário paralelo chinês (shadow banking).
Fonte: capitalist