Por Lisandra Paraguassu e Rodrigo Viga Gaier
BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) – O presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, deve continuar no cargo por enquanto, já que a pressão para demiti-lo diminuiu, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.
“Fica mesmo, ao menos por enquanto”, disse uma fonte do governo brasileiro, que falou sob sigilo.
Visto como o pivô de uma crise que precipitou notícias sobre uma possível saída de Prates na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já havia dito na véspera que era hora de “serenar os ânimos”, ao responder perguntas de jornalistas relacionadas ao CEO da estatal.
Silveira também disse que cabe apenas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a definição do presidente-executivo da Petrobras, ao ser questionado sobre o assunto.
Prates ainda segue em busca de uma agenda com o presidente Lula após as polêmicas da semana passada, mas não vê mais pressa agora, afirmou uma segunda fonte. Essa fonte avaliou que a pressão vinda do ministro de Minas e Energia acabou fortalecendo Prates.
Além disso, o fato de o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que foi cotado para o comando da Petrobras, não ter se mostrado interessado ao ser sondado pelo governo, também ajudou Prates no processo, segundo as fontes.
Ex-senador, Prates também obteve apoio de ex-colegas no Congresso para permanecer no cargo, disse uma terceira fonte à Reuters.
Uma das discordâncias entre Silveira e Prates versou sobre a distribuição de dividendos extraordinários da Petrobras. Em março, o CEO levou ao conselho de administração da empresa proposta de sua diretoria para distribuição de metade do montante possível, enquanto o colegiado, onde o governo tem maioria, decidiu contra o pagamento da remuneração extra.
Conforme a segunda fonte, à medida que o atual presidente da Petrobras segue no cargo e enquanto o governo federal precisa de recursos para fechar suas contas, os sinais são de que o conselho da Petrobras possa aprovar a proposta inicial da diretoria de distribuição de 50% do montante possível dos dividendos extraordinários.
“Agora podemos voltar ao que era o mais indicado”, disse a fonte.
Uma assembleia de acionistas da Petrobras está prevista para o próximo dia 25.
Logo após o conselho decidir reter os dividendos extras, em março, o CEO da Petrobras afirmou à Reuters que uma proposta de distribuição de 50% dos dividendos extraordinários possíveis de 2023 pela Petrobras ainda estava na mesa e poderia ser aprovada em assembleia de acionistas de abril.
(Por Lisandra Paraguassu, em Brasília, e Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Ricardo Brito, em Brasília)
Fonte: noticiasagricolas