Cenário de ogivas nucleares da China no Canadá: jornalista traça paralelos com a Ucrânia


Peter Hitchens, observador e escritor do Reino Unido, apresentou em um artigo de opinião de sábado (10) um cenário destinado a dar uma ideia do que a Rússia sente sobre as atividades da OTAN no Leste Europeu e na Ucrânia no período que antecede a crise atual.
“Alguns anos no futuro, com o mundo em turbulência econômica e o planeta inteiro em uma bagunça tensa e incerta, o Quebec francófono finalmente se separa do Canadá em um referendo dramático e esmagador”, escreveu Hitchens no jornal britânico Daily Mail.
“O Canadá sorri e deixa passar. Mas depois o governo eleito do Quebec é derrubado por fanáticos ultranacionalistas, após violentos tumultos em Montreal, nos quais diplomatas e políticos chineses apoiam abertamente os manifestantes. Um ministro de Pequim é até gravado, em seu celular, discutindo a composição de um novo governo de Quebec com o embaixador chinês em Montreal”, detalha o jornalista.
Essa é uma referência à infame conversa vazada entre Victoria Nuland, então secretária de Estado assistente dos EUA, e Geoffrey Pyatt, embaixador dos EUA na Ucrânia, no início de fevereiro de 2014, várias semanas antes do governo em Kiev ser derrubado em um violento golpe de Estado.
Prédio do Congresso norte-americano - Sputnik Brasil, 1920, 16.03.2022

Panorama internacional

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Hitchens descreve o novo regime em Quebec como dificultando a vida aos que falam inglês no país, enfurecendo os canadenses e americanos de língua inglesa, fazendo um acordo comercial e uma aliança militar com Pequim. Em seguida, surgem tropas e aviões chineses em Montreal, a apenas cerca de 600 km de Nova York, e a China anuncia a intenção de instalar lançadores de mísseis em Quebec, que diz serem puramente defensivos.
“‘Nós não faríamos isso’, diz a China. Mas não há nenhum tratado para impedir que isso aconteça”, aponta Hitchens, em referência às preocupações de longa data da Rússia sobre a instalação de lançadores de mísseis Tomahawk em suas bases militares contra mísseis terrestres na Polônia e na Romênia.
“O que você acha que o governo dos Estados Unidos faria nestas circunstâncias”? questionou Hitchens, lembrando a existência da Doutrina Monroe, anunciada em 1823 por James Monroe, então presidente dos EUA, que estabeleceu as “linhas vermelhas” de segurança de Washington para potências estrangeiras operando em qualquer parte do hemisfério ocidental.
Como sublinhou o escritor britânico, esses seriam eventos semelhantes aos que decorreram entre a OTAN, os EUA e a Ucrânia de um lado, e a Rússia do outro, na última década. Ele acrescentou que a Estônia também tem perto da fronteira com a Rússia forças da OTAN a somente 130 km de São Petersburgo.
Apesar de garantir que não está “justificando” a operação militar especial da Rússia na Ucrânia em resposta a décadas de provocações da OTAN, Hitchens salientou que ele ficaria “surpreso” se Washington e seus aliados não reconhecessem que sua política em relação a Moscou “poderia estar arriscando tal resultado”.
Míssil nuclear (imagem referencial) - Sputnik Brasil, 1920, 11.12.2022

Operação especial militar russa

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Hitchens expressou preocupação pelo “elemento nuclear” como a pior parte da atual crise OTAN-Rússia, garantindo que nem durante a Guerra Fria ele sentiu as sociedades em perigo. Segundo ele, a diplomacia em torno da Crise dos Mísseis em Cuba, quando fez 11 anos, o deixou confiante no juízo dos líderes, enquanto os filmes e as séries televisivas apocalípticos “não foram convincentes” em encontrar uma razão para a guerra começar.
“Mas agora parece inteiramente plausível”, observou o autor da coluna, alertando que “graças à arrogância e à loucura” dos líderes modernos, os cenários pós-apocalípticos pintados em ficção, como a série americana Jericho, poderiam muito bem acabar acontecendo na realidade.
“Por isso, continuarei dizendo que precisamos de paz na Ucrânia, e em breve“, concluiu Hitchens.
O observador tem sido criticado no Ocidente sobre sua posição em torno da crise na Ucrânia, incluindo seu reconhecimento do nacionalismo radical que atormenta o atual governo ucraniano, e sua opinião de que a Crimeia é historicamente parte da Rússia, sendo criticado como um dos “apologistas do [presidente russo Vladimir] Putin” e “fanfarrões pró-Kremlin”. Hitchens respondeu dizendo que as acusações são por ele insistir em “uma visão diferente sobre esta crise”, e que mostram como “a dissidência é tratada nas ditaduras”.

Fonte: sputniknewsbrasil

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