As promotoras Fabiana Dal Mas e Silvia Chakian, responsáveis pelo caso, também pediram à Justiça uma indenização de R$ 100 mil. Em nota, o MPSP frisou que considera “todos esses crimes em contexto de violência obstétrica”, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde na década passada como um problema de saúde pública que afeta mulheres e seus bebês.
O caso de Shantal foi revelado através de áudios e vídeos gravados durante o parto realizado por Kalil e enviados em um grupo de amigos da influenciadora. Ela relata o que ocorreu durante o nascimento de sua filha, Domenica, em setembro de 2021.
“Quando a gente assistia ao vídeo do parto, ele (Renato) me xingava o trabalho de parto inteiro. Ele fala: porr*, faz força. Filha da mãe, ela não faz força direito. Viadinha. Que ódio. Não se mexe, porr*”, conta Shantal no áudio.
Pelo menos sete mulheres acusaram Kalil de ter cometido violência obstétrica similar à narrada por Shantal. Em dezembro, a Promotoria de Enfrentamento à Violência de Gênero, Doméstica e Familiar contra a Mulher, do MPSP, e o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) abriram investigação contra o médico.
O Estadão tentou contato com Roberto Kalil, mas não obteve sucesso até a publicação desta reportagem. O espaço continua aberto. Ainda no ano passado, durante o início das investigações, o médico disse que aguardava “com tranquilidade a apuração, que irá comprovar a improcedência das denúncias” e repudiou veementemente o que classificou como “relatos mentirosos que aludem a atos com conotação sexual”.