O governo do presidente Javier Milei, da Argentina, anunciou importantes alterações no regime de tributação de veículos em janeiro e os efeitos já podem ser notados nas tabelas de preços dos carros novos vendidos no país. A principal mudança diz respeito à revisão das alíquotas do chamado “imposto de luxo”, que incide sobre modelos premium e veículos eletrificados (híbridos e elétricos).
Desde 2014, veículos tabelados entre 41 milhões e 75 milhões de pesos (algo entre R$ 231 mil e R$ 423 mil) pagavam 20% de imposto. Para esta faixa, as tarifas desse tributo foram totalmente zeradas. Já no caso de modelos precificados acima de 75 milhões de pesos, a alíquota foi reduzida de 35% para 18%.
Além disso, veículos híbridos e elétricos importados de até US$ 16 mil (R$ 92 mil) agora podem entrar no país com tarifa zerada. O limite estabelecido foi de 50 mil unidades por ano. Para motocicletas, modelos tabelados entre 15 milhões e 23 milhões de pesos (algo entre R$ 84 mil e R$ 136 mil), que pagavam 20% de imposto, agora também estão com tarifas zeradas.
A medida beneficia especialmente veículos de marcas de luxo e importadoras, que rapidamente divulgaram tabelas de preços atualizadas e com reduções significativas. Autoesporte reuniu abaixo os principais reajustes anunciados por cada marca.
No caso da Audi, os modelos A3, Q2 e Q3, assim como as versões de entrada do Q5, deixaram de pagar na totalidade o “imposto de luxo”. Já nos demais, tabelados acima de 75 milhões de pesos, as tarifas caíram para 18%. Na prática, houve redução de até 16% nos preços finais. O Q3 TFSI Quattro Advanced, por exemplo, saiu de US$ 72.292 em janeiro para US$ 61.475 em fevereiro, ficando US$ 10.817 (R$ 62.500) mais barato.
Destaque ainda para o RS Q8 Performance, cujo preço caiu de US$ 336.100 para R$ 283.029. A redução foi de US$ 53.071 (R$ 306.650), a segunda maior da marca. Já o primeiro lugar ficou com o RS e-tron GT, que saiu de US$ 384.321 para US$ 323.636 e ficou US$ 60.685 mais barato (R$ 350.650).
Apesar de ser falta sentida entre muitos fãs no Brasil, a Alfa Romeo tem presença histórica na Argentina. Após o novo regime de tributação, a empresa divulgou preços atualizados para todas as versões do três modelos que vende no país: Tonale, Giulia e Stelvio. A maior redução foi aplicada no Giulia Quadrifoglio (versão esportiva com 510 cv de potência), que passou de US$ 229 mil para US$ 189 mil. Na prática, o consumidor pagará US$ 40 mil (R$ 231.000) a menos.
Na Mercedes-Benz, apenas o Classe A teve tarifas zeradas após a mudança. Nos demais modelos, o “imposto do luxo” foi apenas reduzido para 18%. A maior queda de preço foi verificada no Mercedes-AMG SL 63 E Performance, que custava US$ 476 mil em janeiro e agora custa US$ 410 mil – uma redução de US$ 66 mil (R$ 381.360).
Na Argentina, vale lembrar, o preço de alguns automóveis – especialmente os importados – é calculado em dólar por conta do descontrole inflacionário histórico do país.
Na BMW, a maior redução foi aplicada no único veículo elétrico que a empresa vende hoje na Argentina: o iX2. O modelo teve preço reduzido de US$ 129.900 para US$ 96.900, totalizando abatimento de US$ 33 mil (R$ 190.680).
Outras importantes reduções chegaram aos modelos X7 M60i e X6M, que ficaram US$ 30 mil mais em conta (R$ 176.300). Na Mini, o maior reajuste foi de US$ 10.000, aplicado nos modelos Cooper S Classic e Countryman S ALL4 Confort.
A Porsche certamente foi a marca que mais reduziu preços após a entrada em vigor do novo regime. Todos os modelos vendidos localmente pela montadora alemã eram taxados dentro da segunda escala de impostos e, após a revisão, estão pagando agora 18%. Começando pelo 718 Cayman, os preços agora variam entre US$ 177.500 e US$ 381.800, contra US$ 217 mil e US$ 497 mil de até então.
Já o Panamera, que até então custava entre US$ 375 mil e US$ 651 mil, os preços agora vão de US$ 296.700 a US$ 508.800. No Macan, a tabela começa em US$ 128.800 e vai até US$ 233.700 (até então, variava de US$ 156 mil a US$ 295 mil). Na linha Cayenne, os preços oscilam entre US$ 184.400 e US$ 471.600, contra US$ 222 mil e US$ 607 mil.
De todos os modelos, o Taycan acumulou as maiores reduções. A tabela do elétrico agora começa em US$ 283 mil e chega até US$ 548 mil, contra US$ 359 mil e US$ 704 mil de até então. A versão GT Weissach Package, sozinha, ficou US$ 156 mil mais barata (redução de aproximadamente R$ 900 mil).
Com a medida, o principal objetivo do governo é aumentar a demanda e corrigir distorções. Os novos preços já estão sendo praticados e resta agora aguardar o comportamento do mercado nos próximos meses para notar os resultados. De antemão, não são esperados grandes impactos em termos de volume, já que as maiores reduções alcançam modelos de nicho e tradicionalmente de vendas restritas.
Some a isso o cenário econômico bastante desafiador do país. Em 2024, a inflação caiu consideravelmente em relação ao ano anterior, mas ainda assim foi de significativos 117,8%. Dentro desse contexto, o mercado automotivo como um todo caiu quase 8% e fechou com 414.041 unidades vendidas (cerca de 35.300 carros a menos que em 2023).
Vale lembrar que os modelos mais populares do país, como compactos, picapes e SUVs de marcas generalistas, não sofreram qualquer alteração na tributação e seguem com os mesmos preços. É o caso do Peugeot 208 e da Toyota Hilux, que foram o carro e a picape mais vendidos na Argentina em 2024.
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Fonte: direitonews