Qualquer pessoa ou empresa pode patrocinar um atleta ou uma organização. No futebol, os acordos comerciais são ainda mais comuns pela enorme visibilidade do esporte — e nem fabricantes de automóveis escapam dessa tendência. Diversas marcas automotivas entram nessa onda anualmente e estampam suas marcas em times fora do Brasil. Só que o que muitos não imaginam é que essa realidade também já fez parte de muitos clubes por aqui.
Ainda que hoje nenhuma montadora de veículos esteja vinculada a times nacionais no futebol, Caoa Chery, Chevrolet, Fiat, Hyundai, Iveco, Jeep, Kia, Nissan, Peugeot e Renault já investiram seu dinheiro patrocinando pelo menos 14 clubes brasileiros. Veja abaixo:
Próxima de inaugurar a fábrica em Jacareí (SP), a Caoa Chery decidiu patrocinar o Santos em 2013. No entanto, o acordo comercial durou pouco. Pouco mesmo: apenas seis jogos do Campeonato Paulista. A fabricante chinesa estampou a marca na camiseta do clube e, na época, disse que a ação foi produtiva.
Segundo a Caoa Chery, houve 20% de aumento nos acessos do site da empresa e o perfil da marca no Facebook ganhou 4.000 novos seguidores. Depois, a montadora desistiu de continuar o acordo por “precisar de mais tempo para negociar com a matriz na China”.
Em 1998, a General Motors anunciou um patrocínio para Grêmio e Internacional, os dois maiores times de futebol do Rio Grande do Sul. A fabricante exibiu o logo com exclusividade nas camisetas dos clubes e em painéis dos estádios Olímpico e Beira-Rio até 31 de dezembro de 2000. A marca ainda vendia ingressos para os jogos da dupla Gre-Nal em suas concessionárias.
Com fábrica em Gravataí (RS) até hoje, a ideia da fabricante era justamente “demonstrar o interesse da GM em participar da vida gaúcha”. O valor do contrato não foi anunciado pela Chevrolet, mas os presidentes dos clubes informaram que o patrocínio era de cerca de R$ 7 milhões para cada time por três anos.
A Fiat foi a marca de carros que mais investiu no futebol brasileiro. Ao todo, a marca italiana já patrocinou sete times. Entre 2000 e 2003, América-MG, Atlético-MG e Cruzeiro foram os beneficiados justamente pela fábrica mais antiga da Fiat ficar em Betim (MG). Desta forma, a marca esteve presente na camisa da Tríplice Coroa da Raposa em 2003: Campeonato Mineiro, Brasileiro e Copa do Brasil.
Depois, a Fiat voltou a patrocinar as equipes mineiras em mais de uma ocasião. A última delas foi em 2018 com ações promocionais. Assim, participou do rebaixamento do Cruzeiro para a Série B em 2019.
Fora isso, a fabricante italiana ainda apoiou, em 2006, dois times baianos, o Bahia e o Vitória, e expandiu seus investimentos para o Goiás. Por fim, em 2008 e 2010, colocou a logo na camiseta do Palmeiras.
A Hyundai foi uma das primeiras fabricantes de carros a embarcar nessa cultura de patrocinar times de futebol. Em 1995, decidiu estampar a marca na camiseta do Fluminense.
Só que tricolor carioca vivia uma fase complicada e estava em busca de patrocínios. Por isso, decidiu reservar espaços nas camisas com um retângulo branco escrito “Ame o Rio” para promover a cidade positivamente. Os rivais, no entanto, começaram a tirar sarro da equipe ao dizerem que uma empresa de esparadrapo iria investir ali.
O que não imaginavam é que o time faria história com aquele uniforme depois de vencer um Fla-Flu por 4 a 3 e conquistar outras vitórias decisivas. Foi aí que a Hyundai resolveu assumir o principal local da camisa. E também foi assim que a fabricante sul-coreana ficou marcada no inesquecível gol de barriga do Renato Gaúcho na final do Carioca daquele ano, quando o Fluminense venceu o seu maior rival e foi campeão do campeonato depois de nove anos.
Dois anos depois, a Hyundai ainda patrocinou o Bahia. Para isso, superou o valor do investimento feito pela tintas Renner no clube em mais de dez vezes e assumiu o maior local de anúncio na camisa. Além disso, ainda fornecia carros para sorteios durante os jogos do time.
Em 2012, a Iveco, fabricante de caminhões, anunciou que iria estampar a sua marca na camiseta do Corinthians (no peito e nas costas) durante os dois jogos da semifinal da Libertadores contra o Santos. O valor envolvido não foi divulgado, mas estima-se que tenha ficado entre os R$ 650 mil na época. E é possível dizer que a parceria rendeu bons frutos, já que o Timão foi o campeão continental pela primeira vez — e única até hoje.
A Iveco também ficou, por uma década, fornecendo ônibus envelopado para o clube paulista. No entanto, a parceria foi finalizada em dezembro de 2022. Desde então, o Corinthians se desloca com um ônibus de uma empresa de transportes.
Em maio de 2015, durante um evento no estádio do Maracanã, a Jeep anunciou que seria a nova patrocinadora do Flamengo. A fabricante acabava de inaugurar a fábrica em Goiana (PE) e pretendia ganhar mais visibilidade para vender o recém-lançado Renegade.
“É um orgulho enorme poder fazer essa parceria com a Jeep, uma marca que, assim com o Flamengo, tem muito prestígio no mundo inteiro. Essa união mostra que o nosso clube recuperou a credibilidade, que somos um exemplo de gestão”, afirmou, na época, Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do clube.
Para firmar o acordo, a Jeep pagou R$ 4,5 milhões para estampar seu logo abaixo dos números presentes nas camisas do time rubro-negro carioca. O patrocínio, no entanto, durou apenas até o fim daquele ano. Portanto, foram só sete meses de contrato.
A parceria entre a Kia e o Palmeiras começou em janeiro de 2012. A fabricante sul-coreana de carros fez um contrato de três anos com o clube alviverde e prometeu investir cerca de R$ 25 milhões por temporada.
O patrocínio começou muito bem. Ainda naquele ano, o Palmeiras fechou a janela de 14 anos de espera e conquistou o bicampeonato na Copa do Brasil após a contratação do técnico Luiz Felipe Scolari. O título, porém, causou intriga entre os torcedores rivais, já que o campeonato também era patrocinado pela Kia.
E se a colaboração havia começado com o pé direito, com certeza foi finalizada com o pé esquerdo. A Kia rompeu o contrato com o Palmeiras um ano depois, logo quando o clube caiu para a Série B pela segunda vez na história. A fabricante, no entanto, alegou que o fim precoce do contrato tinha ligação apenas com a queda das vendas da marca.
O Vasco é mais um time brasileiro que já foi patrocinado por uma fabricante de carros. Em 2013, a Nissan anunciou um contrato com o clube carioca para colocar a logo na parte superior das costas das camisetas e nos shorts de todos os uniformes oficiais e secundários de jogo, treino e viagem. O valor total do acordo foi de R$ 28 milhões com uma validade de quatro anos.
O que ninguém esperava é que a marca japonesa iria romper o contrato no fim daquele ano, logo depois do Vasco cair para a Série B. Por meio de uma nota oficial, a Nissan alegou que um caso de violência envolvendo a torcida vascaína era “incompatível com os valores e princípios sustentados e defendidos pela empresa em todo mundo”.
Antes de o Flamengo receber o patrocínio da Jeep, o clube teve um acordo com a Peugeot. Em 2013, a fabricante francesa teve seu logo estampado na parte frontal da camisa rubro-negra por um mês. Depois, o nome da empresa passou para as costas do uniforme. O contrato foi firmado por três anos e com valores de cerca de R$ 10 milhões por temporada.
No final de 2014, porém, a Peugeot anunciou que iria diminuir o investimento e explorar somente a manga da camiseta. Com isto, o Flamengo firmou parceria com a Guaraviton e a fabricante passou a patrocinar o time de basquete do clube.
O patrocínio mais recente do futebol brasileiro vindo de fabricantes de carros foi da Renault com o Corinthians. A parceria aconteceu em 2018, mas, assim como a da Iveco, também foi pontual. A marca francesa estampou o seu logo nas camisetas do time paulista durante um jogo: a final da Copa do Brasil contra o Cruzeiro.
A ação foi criada para divulgar uma nova campanha de varejo do Renault Kwid. Um dos jogadores do elenco iria vestir a camisa número 399 em uma referência ao valor das parcelas do hatch durante uma promoção, porém, isso não aconteceu. O modelo podia ser comprado, na época, por a partir de R$ 32.490 à vista ou com entrada de 50% mais saldo financiado em 60 parcelas fixas de R$ 399.
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Fonte: direitonews