Carros chineses: ainda é justo acusar fabricantes de plagiar design?


“O design desse carro chinês é uma cópia.” Das duas, uma: ou você escutou essa frase, ou foi você que fez esse julgamento. E ele realmente não está errado, mas será que hoje, 2023, ainda é justo acusar fabricantes chinesas de plágio pelo visual de seus automóveis? Autoesporte conversou com José Carlos Carreira, professor do curso de Design do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), para entender essa situação.

Porém, antes de entrar no assunto cópia, vamos entender como funciona o processo de criação do design de um carro. “É importante dizer que um veículo leva, em média, de três a cinco anos para estar em uma concessionária”, diz José Carlos. Isso ocorre, também, porque há uma complexa pesquisa de mercado — que envolve a necessidade do consumidor e a viabilidade econômica — para definir como deverá ser o visual do modelo.

E, considerando que o design é a vitrine de um carro, é extremamente importante que essa etapa seja impecável. Por isso, ousar no desenho dificilmente é uma opção para as montadoras. “Hoje, com o mercado difícil do jeito que está, eu diria que é muito mais favorável não ousar muito do que sair fora da caixinha. Por isso, as marcas tentam buscar um equilíbrio entre correr certo risco ou não correr risco nenhum e ficar meio parecido com todo mundo”, conta.

E aí está a explicação para o fato de vermos tantos desenhos de veículos semelhantes nas ruas. Quer confirmar essa afirmação? Vamos aos exemplos. Recentemente, a BYD lançou o Seal, um carro cujo visual lembra o Porsche Taycan. Antes disso, a Fiat apresentou o Fastback, que tem uma traseira muito parecida com a do BMW X4. Pois é. Não é difícil entender que as similaridades aparecem em quaisquer marcas, tanto chinesas como italianas, alemãs ou japonesas.

Só que, claro, há uma diferença entre semelhança e igualdade. “As fabricantes chinesas realmente copiavam muito e existem algumas que ainda estão nessa levada, principalmente as que atendem o mercado interno da China. Mas as montadoras que querem obter uma projeção global — a BYD, por exemplo — já estão deixando de lado essa questão. O problema agora é só a nossa percepção, como consumidores, de que um carro chinês não tem identidade”, resume o designer.

Portanto, será que ainda é justo acusar as fabricantes chinesas de plagiar o design dos carros? Ou é mais justo acusar os brasileiros de verem só situações específicas com bons olhos? Tudo é uma questão de semiótica.

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Fonte: direitonews

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