Cerca de 12 mil crianças e adolescentes são diagnosticadas com câncer todos os anos no Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Os sintomas iniciais se confundem facilmente com outras condições comuns na infância, como viroses e resfriados, o que dificulta o diagnóstico precoce, necessário para aumentar as chances de sucesso do tratamento.
Os tipos de câncer mais comuns na infância são a leucemia, que afeta os glóbulos brancos do sangue, e tumores cerebrais que atingem o sistema nervoso central. Em menor frequência, as crianças também podem desenvolver sarcomas, conhecidos como cânceres de extremidades, que atingem ossos e músculos. Os linfomas, tumores que se desenvolvem no sistema linfático, são mais comuns em adolescentes.
O câncer infantil ocorre devido à proliferação descontrolada de células anormais em qualquer local do organismo. Ao contrário da maioria dos tumores em adultos, que são preveníveis com um estilo de vida saudável, em crianças, as causas não costumam ser relacionadas aos hábitos de vida.
De acordo com a oncopediatra Juliana Mata, do Hospital Sírio-Libanês, têm maior chance de predisposição ao câncer as crianças portadoras de síndromes genéticas específicas ou que têm caso de câncer na família entre pessoas com menos de 40 anos.
“Investir em diagnóstico precoce faz muito mais diferença na infância do que em adultos”, afirma a médica.
Sintomas
Na maioria das vezes, os sintomas de câncer infanto-juvenil são inespecíficos, como febre, dor de cabeça e dificuldade de caminhar, e podem ser confundidos com uma virose ou resfriados, por exemplo. Os pais devem ficar atentos a sinais como:
- Dor de cabeça;
- Febre persistente que não melhora;
- Aumento do tamanho da barriga;
- Surgimento de caroços e ínguas no pescoço, axilas ou virilha;
- Dores nas pernas que não passam;
- Manchas arroxeadas na pele parecidas com hematomas ou pintinhas vermelhas;
- Brilho branco em um ou dois olhos quando a criança sai em fotografias com flash.
“O que mais chama atenção são as febres não relacionadas a quadros infecciosos que as justifiquem, como uma doença respiratória”, pontua Juliana.
Alguns sintomas de cânceres específicos também podem ser notados, como por exemplo:
- Leucemia: palidez, sangramentos, dores nos ossos e articulações;
- Tumores cerebrais: dores de cabeça intensas, náuseas, vômitos, convulsões e dificuldade para caminhar ou manipular objetos.
- Linfomas: aumento dos gânglios, emagrecimento, massas extensas no abdômen, tórax ou em outra parte do corpo.
Tratamento
“O tratamento e as chances de cura são bastante diferentes para crianças e adultos. Na infância, os cânceres são bem mais curáveis”, afirma a médica.
De forma geral, os tratamentos evoluíram muito nas últimas duas décadas. Hoje, há a disponibilidade de terapias personalizadas para atender a necessidade de cada paciente, administrando o cuidado não só para o tipo de tumor, mas para o perfil da criança “para que ela não receba tratamento a mais ou a menos”, explica Juliana.
A abordagem permite que a criança tenha melhor qualidade de vida e chances de sobreviver. “O nosso objetivo é melhorar a qualidade de cura do paciente, para garantir que essa criança seja um adulto saudável, com vida reprodutiva. Antigamente, os tratamentos podiam levar a um déficit cognitivo, da função reprodutora, e isso é menos frequente hoje”, explica.
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