Campanha de Bolsonaro divulgou ação sobre rádios 25 horas após prisão de Roberto Jefferson


Campanha de Bolsonaro divulgou ação sobre rádios 25 horas após prisão de Roberto Jefferson

Considerada pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, como uma tentativa de tumultuar a eleição, a ação sobre suposto boicote de rádios na veiculação da propaganda eleitoral foi divulgada pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) cerca de 25 horas após a prisão do bolsonarista Roberto Jefferson, que atirou em policiais e gerou desgaste na campanha do presidente.


A tese de que rádios estariam privilegiando a propaganda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi divulgada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, no começo da noite de segunda-feira (24).

A reação armada do aliado de Bolsonaro vem sendo explorada pelos adversários do presidente na reta final da eleição. Opositores têm associado o caso a uma onda de violência política que, segundo eles, é estimulada pelo atual chefe do Executivo.

A campanha do presidente tentou ao longo dos últimos dias afastar Jefferson da imagem de Bolsonaro. O ex-deputado federal reagiu à abordagem da Polícia Federal a tiros e lançou granada na direção dos policiais. Dois deles ficaram feridos, atingidos por estilhaços. No fim da tarde de domingo (23), Jefferson aceitou se entregar e foi preso.

A operação ocorreu um dia após o político de extrema direita xingar Cármen Lúcia em vídeo publicado por sua filha Cristiane Brasil (PTB) nas redes sociais. Na casa dele foram apreendidos fuzis, mais de 7.000 munições e armas de brinquedo.

Com o caso de Jefferson ainda reverberando, o ministro Fábio Faria (Comunicações) anunciou na segunda a entrega de relatório preliminar ao TSE com levantamento sobre o número de inserções de Bolsonaro e Lula veiculadas em emissoras de rádio nos estados do Norte e Nordeste.

Moraes disse no mesmo dia que o pedido para a abertura de investigação não tinha base e cobrou apresentação em 24 horas de “prova e/ou documento sério”. A equipe de Bolsonaro, então, apresentou novos documentos, que também foram considerados insuficientes.

O presidente do TSE apontou ainda possível “cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana” e mandou o caso para ser avaliado dentro do inquérito das “milícias digitais”, que é relatado por ele mesmo no STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro tem histórico de questionar o sistema eleitoral e insinuar em tom golpista que pode não aceitar resultado diferente da própria vitória.

Também na segunda, horas antes da equipe de Bolsonaro afirmar que a campanha do PT foi favorecida em várias rádios, pesquisa Ipec apontou que a distância de Lula para Bolsonaro permanecia em sete pontos percentuais -o levantamento mostrou Lula com 50% de intenção de votos no segundo turno, contra 43% de Bolsonaro.

Bolsonaro insistiu, nesta quarta (26), em acusações sem provas sobre a supressão de inserções eleitorais em rádios do Nordeste e voltou a criticar Moraes. O presidente prometeu recorrer até o fim de sua mais recente decisão no caso.

A quatro dias do segundo turno, o chefe do Executivo disse ainda que seu partido deve contratar uma terceira empresa de consultoria para analisar os casos e que ele foi eleitoralmente prejudicado.

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