“É um padrão na política externa norte-americana de utilizar meios de comunicação desde a Guerra Fria. É a propaganda como uma arma, não necessariamente de guerra, mas para moldar o comportamento da política de países e a indústria global […]. Nisso ainda há um debate que se fala que o governo Trump foi muito mais imperialista do que o governo Biden, mas a meu ver essa é uma política de Estado. Há consenso na Casa Branca e no Parlamento de que a China é o principal desafio para o país no século XXI”, declarou o especialista.
Sudeste Asiático e encruzilhada geopolítica
“No Nordeste da Ásia, há o Japão e as duas Coreias, e está muito claro o lado que cada país está. No Oriente Médio há dilemas de dissuasão nuclear e está muito claro quem está do lado do Irã e quem está do lado de Israel. São regiões mais congeladas em que você não tem muita margem de manobra diplomática entre os países. Já no Sudeste Asiático é muito diferente, porque não há uma potência nuclear ali e são países que oscilam muito em um espectro entre proximidade com os EUA ou proximidade com a China. A diplomacia tende a ser muito mais flexível e você tem um bloco como a ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático] que tende, digamos, a absorver ou amenizar a projeção das grandes potências. É um dos principais palcos de disputa sino-americana”, argumenta.
Impacto na credibilidade dos EUA
O mundo e a ‘epidemia de desinformação’
“A desinformação pode ser definida como a disseminação de notícias ou informações falsas e, nesse caso, serve como uma ferramenta de disputa que visa difamar a imagem de um país ou criar uma imagem negativa de suas tecnologias, ações, produtos e invenções […]. A epidemia de desinformação é um problema para as próprias democracias, na medida em que é difícil distinguir o que é falso e verdadeiro em um cenário de abundância de informações veiculadas nas mídias sociais e outras plataformas comunicacionais. No caso específico das Filipinas, isso acaba sendo ainda mais emblemático se observarmos como o país oscilou, de forma relativamente pendular, frente à aproximação com a China e dos EUA no poder nos últimos anos”, argumenta.
BRICS e o Sudeste Asiático
“No geral, a expansão do BRICS representa um aumento da zona de influência da China, mas principalmente uma contestação aos países desenvolvidos e à arquitetura internacional vigente. Entendo que ainda é preciso compreender quais as ações e os desdobramentos da ampliação do BRICS na prática”, finalizou Camoça.
Fonte: sputniknewsbrasil