O primeiro café indígena de Mato Grosso vai ser apresentado no 8º Salão Nacional do Turismo, que será realizado de 8 a 11 de agosto, no Rio de Janeiro (RJ). O Massepô Café Indígena passou a ser produzido em 2021, na terra indígena de mesmo nome da marca, em Barra do Bugres (165 km de Cuiabá), da etnia Balatiponé-Umutina. De olho no potencial turístico, eles devem passar a oferecer a experiência de provar da bebida em uma visita guiada na aldeia.
O produtor rural indígena e cacique Felisberto de Souza Cupudunepá contou que a ideia de passar a investir em cafeicultura começou em 2013, quando a aldeia foi reaberta. Quando viram os pés de cafés na área, eles perceberam que essa poderia ser a alternativa econômica. Desde então, as famílias indígenas passaram a buscar conhecimento junto com outros parentes, como os da etnia Suruí e Tupari, ambos de Rondônia, que também são cafeicultores.
Além disso, os indígenas buscaram uma espécie de café mais adaptada à região e participaram de dias de campo junto à Embrapa e Empaer. Eles perceberam que a produção teria uma valorização no médio e longo prazo e que não havia necessidade de produzir em uma grande área. A mão de obra iria envolver a própria comunidade.
Treze famílias passaram a produzir café em 2,5 hectares da aldeia e estão na segunda safra. A produção é toda vendida aos consumidores finais ao custo de R$ 25 o pacote de 250 gramas. Agora eles se prepararam para começar a plantar grãos especiais e ofertar ao mercado cafés gourmet com maior valor agregado.
“Nosso sistema de produção é diferente. É um café produzido em terra indígena, feita da forma mais natural possível, envolve a nossa comunidade. O processo de beneficiamento é todo artesanal e dessa forma que a gente consegue agregar o valor. Agora estamos trabalhando para produzir café especial, que pode ter um valor até 3 vezes mais do que o que produzimos atualmente”, comentou o cacique.
Incentivado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), por meio da Adjunta de Turismo, o cacique Felisberto foi orientado a participar do edital do 8º Salão Nacional do Turismo que selecionou produtos da agricultura familiar associado ao turismo para apresentar no evento, no Rio de Janeiro. Ele vai expor o café indígena de Mato Grosso no espaço Cafés do Brasil durante a feira. A expectativa é de um público de 120 mil pessoas
Além do café, Mato Grosso vai levar para o evento a ancestralidade, cultura, etnoturismo, turismo de aventura e pesca esportiva. No Espaço Experiência, haverá ações da pesca esportiva, turismo de aventura, etnoturismo, negócios e eventos. Já no Espaço Brasil em Festa, serão retratados os festejos de São Benedito, da Cavalhada, dos Mascarados e da Dança do Congo. Já na ala Povos Originários, indígenas da etnia Parecis representarão Mato Grosso.
No Espaço Afroturismo contará com membros do Quilombo Mata Cavalo, que farão rodas de conversas e oficinas de bijuterias afro. Com apoio do Serviço Social do Comércio (Sesc) de Mato Grosso, o grupo Flor Ribeirinha se apresenta no palco principal, nos dias 9 e 10.
Mapa do etnoturismo
Desenvolvido pela Sedec, o Mapeamento do Etnoturismo em Mato Grosso aponta que 19 das 40 etnias que foram mapeadas nos polos Araguaia, Cerrado, Amazônia e Pantanal praticam atividades turísticas em seus territórios em Mato Grosso.
Durante a Feira Internacional do Turismo do Pantanal, realizada de 30 de maio a 2 de junho, a Fundação Nacional do Índio (Funai) liberou o plano de visitação para os Balatiponés-Umutina, em Barra do Bugres.
A Secretaria Adjunta de Turismo da Sedec desenvolveu o plano de turismo dentro do território indígena com todo um roteiro de produto de turismo de experimentar a vivência dentro da comunidade. A degustação do café também fará parte do roteiro, pois se tornou recentemente um produto turístico.
“Uma das formas que incentivamos o etnoturismo em Mato Grosso é apoiar as lideranças indígenas subsidiá-lo com informações. A produção da agricultura familiar associada ao turismo é uma grande aposta do Governo. A Secretaria de Adjunta de Turismo está em contato com a Empaer e com a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar para estruturar melhor esse projeto. A própria FIT Pantanal mostrou o sucesso e o desejo dos turistas em conhecer e consumir produtos da agricultura familiar e viver experiências seja nas pequenas propriedades quanto nas terras indígenas”, destacou o secretário da Sedec, César Miranda.
Em setembro, um grupo de turistas mineiros devem conhecer a aldeia Massepô. Os interessados em praticar o etnoturismo nas terras dos Balatipones-Umutina podem agendar a visita por meio do site https://balatipone.com.br/
Fonte: odocumento