Qual o preço de um avião Super Tucano?
“Isso é dos Estados Unidos em particular. Quando são usados componentes que eles consideram que afetam a segurança do país, simplesmente não deixam que você compre. Houve o caso da Venezuela que os norte-americanos não aprovaram, por exemplo […]. Esse mercado de indústrias de defesa depende muito de questões geopolíticas. O fato de ele ser um produto testado e já usado pela Força Aérea Brasileira e em vários países certamente é um ponto positivo a favor da Embraer, que é uma empresa bem-sucedida. Isso vale para o Super Tucano e vale para o KC-390 também, que aos poucos vem ganhando mercado”, declara.
Brasil é 100% dependente de tecnologia militar estrangeira?
“Só permitem o uso aos países que estejam dentro da esfera deles, principalmente da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] ou dos Estados Unidos. E só deixam vender [o avião final] para um comprador que atenda aos interesses deles. Então tem toda essa questão de relações internacionais”, argumenta.
Desindustrialização do Brasil e impactos no setor de defesa
“O Brasil praticamente abdicou de ter uma política industrial nessas últimas décadas. Não se produz aqui esses componentes. Na parte de tecnologia da informação, qualquer item para fazer um computador vai ser importado […]. O Brasil depende quase 100% da importação desses produtos e qualquer empresa que tenta produzir algo precisa entender isso, sobreviver a esse ambiente. E quando é um produto de defesa, é um desafio maior. A Embraer entendeu muito bem isso e soube jogar a regra do jogo”, comenta sobre o sucesso do Super Tucano.
“São países grandes, e o Brasil é um país grande que age como um país pequeno […]. Partiu-se para uma visão puramente liberal, de que o Brasil não tem que proteger nada, que é o mercado que vai decidir. Isso é um erro grosseiro quando se trata de questões estratégicas”, defende.
Fonte: sputniknewsbrasil