O BYD Song Pro chega ao Brasil com grandes expectativas. O SUV médio com motor híbrido é mais um passo da estratégia anti-Toyota da marca chinesa, que teve início no último mês com o lançamento do King. Se o alvo do sedã médio é o Corolla, o novo Song Pro chega para disputar com o Corolla Cross.
Autoesporte teve a oportunidade de conhecer o BYD Song Pro antes de sua chegada às lojas. Afinal, o modelo chinês tem atributos que despertariam a curiosidade dos donos do Corolla Cross? Vamos elaborar este assunto enquanto mostramos seus pontos positivos e negativos. Os preços ainda não foram divulgados.
O Song Pro chega às lojas em duas versões, GL e GS, com motor 1.5 a gasolina da família DM-i. A diferença fica por conta do conjunto híbrido, que tem 12,9 kWh de capacidade na versão GL e 18,3 kWh na configuração mais equipada.
A bateria maior interfere tanto na potência combinada quanto na autonomia elétrica. Segundo a BYD, o Song Pro GL desenvolve 223 cv, enquanto a versão GS entrega 235 cv, igualando o Song Plus.
Já a autonomia apenas no modo elétrico é de 71 km para a versão de 12,9 kWh e 110 km para a configuração de 18,3 kWh, em ciclo chinês. Vale lembrar que o conjunto de baterias é do tipo Blade, à prova de fogo. O padrão de autonomia, porém, ainda é o chinês, mais otimista que o brasileiro.
Visual não é uma característica tangível em um carro, mas é certo que o Song Pro vai agradar. O modelo está alinhado com o conservadorismo do segmento e ainda consegue transmitir a identidade visual da BYD.
Em comparação com o Song Plus, o novo Song Pro grande frontal, para-choques e faróis de LED são diferentes. Os acabamentos cromados do irmão maior também saem de cena para dar lugar a peças mais sóbrias, feitas de imitação de aço escovado ou plástico preto brilhante.
Os faróis de LED têm três filetes independentes que passam uma impressão sofisticada de carro premium. Ao travar as portas, estes filetes permanecem alguns segundos ligados e depois se apagam sequencialmente em um efeito bem estético. Já a grade frontal tem acabamento filetado combinando aço escovado e plástico.
Essa combinação volta a aparecer nas rodas calçadas em pneus nas medidas 225/60 R18. A parte central tem acabamento escuro que deixa o símbolo da BYD em destaque enquanto os raios se entrelaçam como lâminas de aço.
Na traseira, há um pequeno spoiler, antena tubarão e as lanternas interligadas que se tornaram identidade na BYD. Outro detalhe bacana é que a parte central deste filete se acende.
O Song Pro tem 4,74 metros de comprimento, 1,86 m de largura, 1,68 m de altura e 2,71 m de distância entre-eixos. Como comparação, o Song Plus tem 4,70 m de comprimento, 1,89 m de largura, 1,68 m de altura e 2,76 m de distância entre-eixos. Logo, ainda que o Song Pro seja menor que seu irmão, ainda é mais comprido.
O Toyota Corolla Cross, por sua vez, tem 4,46 m de comprimento, 1,85 m de largura, 1,62 m de altura e 2,64 m de distância entre-eixos. Ou seja, o SUV japonês é mais modesto em todas as medidas que importam.
A capacidade do porta-malas declarada pela BYD é de 520 litros. Já a Toyota divulga que o Corolla Cross tem 440 litros.
Outra característica que agrada é a qualidade dos materiais. A BYD não economizou ao incorporar borracha, couro artificial, aço escovado, plástico brilhante e revestimento sintético até nas portas traseiras. Sua versão mais cara tem até costuras alaranjadas que combinam com as demais tonalidades.
Até a qualidade da montagem melhorou. Antes, os acabamentos plásticos dos carros chineses rangiam em pequenas torções, mas o Song Pro aparenta ter bastante solidez em sua construção. Nesta parte de habitabilidade, o único ponto negativo é a qualidade do display do computador de bordo, que passa impressão antiquada pela baixa resolução. A telinha também é bastante reflexiva, o que dificulta sua visualização em dias claros.
A central multimídia giratória de 12,8 polegadas se mantém presente. O sistema operacional traz conectividade Android Auto e Apple CarPlay sem fio, mas a BYD também incorporou um GPS nativo que não precisa de conexão com a internet. Vale destacar também a boa projeção da câmera 360° que ajuda a manobrar em áreas apertadas.
Assim como o King, o Song Pro pecou (e muito) na pobreza do pacote de assistências ativas. Não há sensores de ponto-cego, assistentes de manutenção e de permanência em faixa e controle de cruzeiro adaptativo. Neste segmento, é um erro grave.
Inclusive, vale lembrar que a evolução do pacote de segurança do Toyota Corolla Cross 2025 foi um dos pontos que mais elogiamos durante seu lançamento, como você pode conferir no vídeo abaixo:
A partir deste ano, o controle de cruzeiro adaptativo funciona em qualquer velocidade no Toyota, melhorando consideravelmente a experiência ao volante, principalmente no trânsito intenso. Trata-se de um recurso de segurança que interfere positivamente no conforto.
Já o Song Pro não consegue nem identificar o carro à sua frente. Seu pacote de assistências é limitado ao sistema de distribuição eletrônica de frenagem e aos sensores de estacionamento dianteiro e traseiro. Para um SUV médio que deve custar perto de R$ 200 mil, são características que desagradam.
O Toyota Corolla Cross oferece um pequeno teto-solar com abertura interna manual. Tem o mesmo charme de um teto panorâmico? Definitivamente não — mas ao menos o SUV entrega algo neste sentido.
Por sua vez, o Song Pro não tem qualquer opção de teto-solar em seus pacotes disponíveis no Brasil. Não é uma falha grave como a falta do ADAS, mas ainda é algo que o SUV chinês ficou devendo.
Este é um ponto que criticamos recentemente no BMW X2 2025 e que reiteramos: o carregador de celular por indução do Song Pro é muito exposto. Talvez isso não seja um problema na China ou na Europa, mas em uma cidade como São Paulo, onde 141 mil roubos de celulares são registrados todos os anos, é algo para se pensar.
O Song Pro tem um compartimento escondido abaixo do console central. Ali seria um bom lugar para ter o carregador por indução mais discreto.
Outro detalhe negativo que pode fugir aos olhos é que o carregador de celular por indução é item exclusivo da versão mais equipada, a GS. Assim, por mais que o Song Pro GL tenha conectividade sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, o motorista ainda vai precisar plugar um cabo para carregar seu aparelho.
O fato dos comandos do ar-condicionado estarem integrados às centrais multimídia nos carros modernos deixam a experiência menos intuitiva. No caso do Song Pro, o motorista que estiver acompanhando o Waze terá de encontrar um menu para sair do Apple CarPlay, clicar nos comandos de climatização e só então colocar a temperatura de seu agrado. Novamente, está longe de ser um problema exclusivo da BYD.
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Fonte: direitonews