O BYD King foi apresentado como novo candidato a rei dos sedãs médios (com o perdão do trocadilho). Mas a dura missão de desafiar o reinado do Corolla não tem sido tão bem sucedida. Na parcial das vendas de setembro, foram 88 unidades emplacadas. Resultado pior que Jetta (91), Sentra (148) e longe do Toyota (1.517).
Para convencer o público a trocar nomes já conhecidos, a BYD apelou para o preço. Partindo de R$ 175.800, é o híbrido plug-in mais barato do mercado. Como referência, o Corolla Hybrid (que não pode ser carregado na tomada), tem tabela começando em R$ 187.790. Mas essa não é a única arma do King. Bem como o sedã também perde pontos em aspectos importantes.
Veja, nos próximos parágrafos, cinco razões para comprar o BYD King e cinco motivos para fugir dele:
1. Preço
Como dito acima, o King é o híbrido plug-in mais barato do Brasil. A versão de entrada, GL, custa R$ 175.800. Ela tem os mesmos equipamentos da GS, de R$ 187.800. A diferença entre as duas, porém, está no tamanho da bateria, e, como consequência, na autonomia no modo elétrico.
2. Consumo e autonomia
Existe uma diferença entre as autonomias divulgadas pela BYD e aquelas aferidas pelo Inmetro (explicamos aqui as razões). Considerando a versão GS, testada por nós, a fabricante diz que as baterias de 18,3 kWh garantem 120 km no modo elétrico. Já o instituto homologou o sedã com 80 km de alcance.
Na vida real, podemos considerar 100 km como uma marca possível de ser feita. Isso significa que, alguém que precisa de 20 km para ir e voltar do trabalho, por exemplo, pode passar a semana sem ter que carregar as baterias.
Porém, o funcionamento do sistema híbrido mescla os motores elétrico e a combustão, além de, em determinadas situações, carregar as baterias com o 1.5 aspirado a gasolina.
Em nosso teste, o consumo ficou em bons 21,7 km/l na cidade e 21,3 km/l na estrada, garantindo autonomia superior a 1.000 km.
3. Desempenho
Além de ser mais econômico que o Corolla, o King também tem desempenho melhor. Afinal, combina um motor 1.5 aspirado a gasolina de 110 cv de potência e 13,8 kgfm de torque com um elétrico de 197 cv e 33,1 kgfm. Juntos, entregam 235 cv (o torque não foi divulgado), capazes de, em nossos testes no Rota 127 Campo de Provas, levar o sedã de 0 a 100 km/h em apenas 7,3 segundos. Como referência, o Toyota levou 11 s na mesma prova. Além dos números frios, o desempenho do King na cidade é mais do que satisfatório.
4. Espaço interno
Ainda que os SUVs estejam na moda, o espaço para as penas em sedãs é quase imbatível. Ainda mais porque os utilitários esportivos da mesma faixa de preço são consideravelmente menores. No caso do King, há generosos 4,78 m de comprimento e 2,72 m de entre-eixos. Assim, adultos podem viajar sem aperto, mesmo no banco traseiro.
5. Itens de conforto
Como dito acima, as duas versões do King oferecem o mesmo pacote de equipamentos. E os itens de conforto se destacam. Há acesso por chave presencial, partida por botão, freio de estacionamento eletrônico com função Auto Hold, ar-condicionado digital de duas zonas e saída para o banco traseiro, faróis de LED com acendimento automático, bancos de couro com ajustes automáticos, carregador de celular por indução e central multimídia com tela de 12,8 polegadas. Pena que a conexão com Apple CarPlay só possa ser feita com cabo.
1. Itens de segurança
Se preço de compra, consumo e desempenho são os maiores pontos fortes do King, a falta de itens de segurança ativa pesa contra o sedã. Além dos itens exigidos por lei, a BYD oferece apenas airbags laterais e de cortina como recursos do tipo.
Ficaram de fora equipamentos como alertas de ponto cego, mudança de faixa ou correção no volante e frenagem automática de emergência. Como referência, o Dolphin Plus, hatch elétrico de preço semelhante, dispõe de todos os aparatos citados. O mesmo vale para o Corolla Altis Hybrid.
2. Não tem teto solar
Uma ausência que parte do público vai sentir no King é o teto solar. Nem mesmo a opção mais cara do sedã oferece o recurso tão apreciado pelos brasileiros. E olha que até o Corolla, considerado um modelo conservador, dispõe do item.
3. Bancos
O King é um carro de porte médio. Porém, seus bancos parecem ter vindo de um modelo compacto. Ainda que motorista e passageiro contem com ajustes elétricos, falta apoio para as costas e para as pernas daqueles ocupantes com o corpo, digamos, um pouco mais avantajado. A densidade da espuma também poderia ser melhor. Nesse aspecto, os rivais se saem melhor.
4. Desempenho sem bateria
A grande vantagem dos carros híbridos plug-in é poderem ser carregados de forma externa. Em quase todos os casos, também é possível usar o próprio motor a combustão para isso. No King não é diferente. A principal questão é que, ao contrário de modelos como o GWM Haval H6 e o Jeep Compass 4xe, o propulsor a gasolina é aspirado e entrega modestos 110 cv.
Ou seja, caso a bateria fique zerada, o sedã tem menos potência que qualquer modelo compacto equipado com motor 1.0 turbo, por exemplo. E sendo bem mais pesado (1.700 kg). Nesse cenário, é claro que o consumo piora. Segundo o Inmetro, vai para 16,8 km/l e 14,7 km/l.
5. Garantia confusa
Talvez a questão mais polêmica envolvendo o King esteja relacionada à garantia. A marca chinesa fala em oito anos de cobertura para motor elétrico e bateria e seis anos para o restante do veículo, mas há uma série de condições.
Esses seis anos, inclusive, são válidos apenas para os conjuntos de alta e baixa tensão (fiação, contatores da bateria, centrais eletrônicas de controle, por exemplo), chassi e corrosão da carroceria. Itens como amortecedores, central multimídia, caixa de direção, suspensão e borrachas, por exemplo, têm cobertura menor, de três anos.
Além disso, a BYD considera como uso normal a bateria com até 60% da capacidade. Por fim, também é importante dizer que a garantia cai para apenas dois anos quando o veículo é usado para fins comerciais, como transporte de aplicativo, táxi, frotistas ou representantes comerciais, por exemplo.
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Fonte: direitonews