Em algumas semanas a BYD vai inaugurar em Camaçari (BA) sua primeira fábrica de carros no Brasil. Inicialmente, a produção de Dolphin Mini, Song Pro e King será do tipo SKD, em que os veículos são importados da China prontos, mas desmontados, somente para serem finalizados no país. Segundo Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da empresa, a unidade seguirá em testes nos próximos dias, e deve abrir assim que receber as licenças ambientais e do Corpo de Bombeiros. A previsão é que isso aconteça entre o fim de julho e o início de agosto.
No entanto, antes mesmo de o primeiro carro destinado à venda sair das linhas de montagem, a empresa já fala em expansão do local para até 600 mil unidades até o final de 2031, fazendo da fábrica baiana a segunda maior do Brasil, atrás apenas da unidade da Stellantis em Betim (MG).
A informação dos estudos para a aplicação foi confirmada não só por Baldy, como também pela CEO da BYD nas Américas, Stella Li e pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) durante a apresentação dos primeiros BYD montados no Brasil.
Caso consiga cumprir o objetivo, a BYD estará dobrando a capacidade de Camaçari em relação ao plano atual, de 300 mil carros por ano. Para que isso aconteça, além do bom desempenho do mercado para justificar a demanda adicional, será necessário um investimento extra em relação aos R$ 5,5 bilhões já anunciados pela chinesa no Brasil. Considerando o cenário previsto, a BYD também promete que haverá 20 mil pessoas empregadas na produção brasileira.
Apesar de todo o otimismo, o mercado automotivo atual está longe de justificar uma fábrica tão grande. Em 2024, todas as fabricantes do país fizeram 1,9 milhão de unidades. Ou seja, a capacidade da BYD seria de pouco menos de um terço de toda a indústria nacional.
A Fiat, líder de vendas no Brasil, vendeu cerca de 520 mil veículos em 2024. Ou seja, a BYD teria que se tornar líder de vendas no país e ainda contar com um volume de exportações para alcançar tal marca.
Apesar de mostrar um galpão pronto, inclusive com robôs e linhas completas, a fábrica de Camaçari segue com obras em vários pontos do terreno. Do lado de fora do pavilhão, por exemplo, há uma série de espaços com maquinário pesado e áreas em terra batida.
Além disso, os prédios que faziam parte do complexo da Ford estão abandonados. A BYD afirma que as instalações não são adequadas para a produção de veículos híbridos e elétricos e que optou por espelhar as linhas das fábricas chineses em vez de adaptar o que já estava de pé.
O destino dos diversos prédios erguidos no final dos anos 1990 será definido nos próximos anos, quando a BYD pretende criar fábricas menores para a produção de componentes para os veículos. “A BYD é uma empresa muito vertical. Produzimos quase tudo que usamos”, disse Baldy.
Outra questão que marcou o processo de construção é a denúncia de trabalho análogo à escravidão de funcionários chineses da empreiteira contratada pela BYD para tocar as obras. A empresa afirma que suspendeu o contrato com a fornecedora e já contratou uma companhia brasileira para avançar na construção assim que os embargos do Ministério Público do Trabalho (MPT) forem suspensos.
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Fonte: direitonews