A BYD oficializou nesta segunda-feira (2) que começará a fabricar carros de passeio em sua unidade de Camaçari (BA) em março. Também revelou quais modelos serão feitos: o Song Pro — Autoesporte conta todos os detalhes acerca do modelo aqui — e o Dolphin Mini. Este, assim, será o primeiro veículo elétrico produzido em série no Brasil.
Antes que entusiastas venham com sete pedras, o redator alerta: não se esqueceu do Itaipu E150. O modelo da Gurgel, primeiro carro elétrico brasileiro e da América Latina, teve 27 protótipos construídos. No entanto, sua produção em série, prevista para o fim de 1975, acabou não ocorrendo.
Autoesporte já contou, em mais de uma oportunidade, a história do Itaipu. Você pode ler sobre o modelo, um dos grandes ícones da indústria nacional, aqui. Bom. Respeitada a história de João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, voltemos ao Dolphin Mini – que ostenta o título (ainda que contestado) de primeiro carro 100% elétrico produzido em série no Brasil.
De acordo com a BYD, já existem kits do Dolphin Mini em Camaçari para montagem em SKD (quando kits já chegam pré-montados do exterior e são apenas finalizados localmente). A partir de agosto, contudo, segundo executivos da empresa chinesa, o compacto começa a ser feito em modo “produção total”, com processos como pintura e estamparia sendo realizados no Brasil.
A primeira fase, SKD, é chamada pela fabricante de 1.1. A segunda, de 1.2. O objetivo da BYD é fazer com que seus produtos tenham índice de nacionalização de cerca de 70% quando a produção local estiver devidamente estabilizada.
A unidade de Camaçari terá capacidade para produzir até 150 mil unidades/ano na primeira fase. No segundo estágio de operação, a montadora estipula que a fábrica consiga produzir até 300 mil veículos anualmente, de até 12 modelos diferentes. Parte desse volume deve ser oferecido para exportação.
Embora o Dolphin Mini seja, de algum modo, o segundo BYD produzido localmente (ele dividirá as honras com o Song Pro), a tendência é que ocupe maior espaço na fase 1.1 da fábrica. Isso porque, segundo fontes ligadas à fabricante, a nacionalização inicial, de certo modo, fará com que as concessionárias tenham condições de praticar preços altamente agressivos para o compacto elétrico.
Caso as flutuações cambiais sejam favoráveis, a tendência é de que, enfim, o Dolphin Mini possa ser vendido a um valor promocional mais próximo dos R$ 100 mil. Hoje, o veículo parte de R$ 115.800 na configuração quatro lugares e R$ 119.800 na opção cinco lugares.
Os mesmo interlocutores indicam que as coisas devem se equilibrar (e até mesmo virar) na etapa 1.2, quando o Song Pro terá versão equipada com sistema híbrido flex. Com a nova opção, a fabricante espera que o SUV tenha condições de brigar pelo top-3 do segmento de híbridos. No acumulado do ano, o Song Pro teve cerca de 5 mil unidades licenciadas. Já o Dolphin Mini teve 20.101 emplacamentos.
Vale ainda destacar que as baterias do elétrico, ao menos inicialmente, continuarão a ser importadas. Entretanto, Stella Li, vice-presidente global da BYD, salientou que a operação de Camaçari será verticalizada. Desse modo, a tendência é que as baterias se tornem nacionais em um futuro ainda não especificado.
O BYD Dolphin Mini dispõe de baterias Blade, de fosfato de ferro-lítio (LFP). Estas têm capacidade de 38 kWh e garantem ao modelo, segundo aferições do Inmetro, 280 km de autonomia. No ciclo WLTP, e até mesmo no uso real, dependendo do condutor, o alcance pode chegar aos 340 km. O tempo de recarga DC (corrente contínua), de 30% a 80%, é de 30 minutos.
O motor elétrico dianteiro rende ao modelo 75 cv de potência e 13,8 kgfm de torque. O 0 a 100 km/h é feito em 14,5 segundos (segundo medições de Autoesporte) e a velocidade máxima é de 130 km/h. Seu peso em ordem de marcha é de 1.239 kg, similar ao de um Volkswagen T-Cross.
Na lista de equipamentos, o BYD Dolphin Mini traz seis airbags, faróis de LED com ajuste de altura, controle de cruzeiro, painel de instrumentos LCD de 7 polegadas, entre outros. Além disso, o veículo é dono de ótimo acabamento para sua faixa de preço. Esperamos que o mesmo se mantenha quando a produção estiver a pleno vapor no Brasil.
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Fonte: direitonews