Apesar da polêmica do preço acima das previsões – R$ 115.800, mais do que os R$ 100 mil que vinham sendo especulados –, o BYD Dolphin Mini mal chegou e já se estabeleceu como o carro elétrico mais vendido no Brasil. Já são 9.050 emplacamentos desde o lançamento, em fevereiro, até o fim de junho, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Com um motor elétrico dianteiro de 75 cv e 13,8 kgfm, o BYD Dolphin Mini utiliza um banco de baterias Blade com 38 kWh de capacidade, o que perfaz uma autonomia de 280 km na homologação do Inmetro. O peso em ordem de marcha é de 1.240 kg, o mesmo de um Volkswagen T-Cross. Sua plataforma é chamada e-platform 3.0, dedicada a toda a família atual de elétricos da BYD.
As dimensões do BYD Dolphin Mini são: 3,78 metros de comprimento, 2,50 m de entre-eixos, 1,72 m de largura e 1,58 m de altura. São apenas 230 litros de porta-malas e, por fim, há a curiosidade de o elétrico ter quatro e não cinco lugares.
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A versão para cinco pessoas, apontada em primeira mão por Autoesporte em janeiro deste ano, começou a ser vendida no Brasil sem muito alarde pela marca chinesa.
Vale observar que o preço o Dolphin Mini é o mesmo para qualquer configuração de pintura – e são quatro: branco Apricity, verde Sprout, preto Night Polar e rosa Peach – e acabamento interno – com faixas em três possíveis tons: azul escuro, azul claro ou rosa claro. A unidade que testamos era branca com interior rosa. As rodas são sempre de liga leve aro 16, calçadas por pneus 175/55 da fornecedora chinesa LingLong.
Sem mais delongas, confira cinco pontos fortes do BYD Dolphin Mini e cinco motivos que podem desestimular a compra:
Como você já deve ter observado, o BYD Dolphin Mini é potente como um Fiat Mobi 1.0 Fire, mas tem torque similar ao de um Fiat Argo 1.3 Firefly. Assim, e também graças ao pico de torque quase instantâneo do motor elétrico, o hatch consegue desenvolver excelentes arrancadas e retomadas.
Obviamente, falta elasticidade a velocidades maiores, daí que seu 0 a 100 km/h ocorre em 14,5 s, segundo medição de Autoesporte. A velocidade máxima divulgada pela fabricante é de 130 km/h. Ou seja, é um carro excelente para uso urbano, mas limitado em rodovias.
Apesar de ter apenas 11 cm de vão livre do solo, o Dolphin Mini não sofre tanto para passar por lombadas e valetas. Os balanços dianteiro e traseiro curtos ajudam a compor ângulos generosos de ataque e saída. A direção elétrica é direta e a carroceria demonstra bom nível de estabilidade. Poderia ser melhor, não fosse a suspensão… Falaremos mais sobre ela daqui a pouco.
Apesar dos 280 km declarados no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), o BYD Dolphin Mini pode facilmente passar dos 300 km de autonomia real. E acredite: para uso urbano, é mais que suficiente. A recarga rápida (DC) a até 40 kW não chega a ser espetacular, mas é rápida o suficiente para encher entre 30% e 80% em 30 minutos. Já a lenta (AC) chega a no máximo 6,6 kW e demanda até seis horas para uma carga completa.
Compradores do Dolphin Mini têm se mostrado pouco preocupados com a homologação para quatro e não cinco passageiros. Afinal, a fileira traseira pode ser só para duas pessoas, mas elas rodam com ótimo nível de espaço para cabeça, ombros e pernas. O aproveitamento do entre-eixos é exemplar.
Talvez seja o principal diferencial do Dolphin Mini em sua faixa de preço, à parte o fato de ser elétrico. O nível dos revestimentos internos e a qualidade do encaixe das peças surpreende. Ponto para a BYD. Mas atenção: em nosso teste, a borracha que emoldura o vidro do motorista estava fazendo um incômodo barulho de vibração. Sinal de que pode estar se soltando.
As telas digitais para quadro de instrumentos e central multimídia (giratória, como todo BYD) completam o pacote. Não são lá das mais amigáveis ou intuitivas para se aprender a mexer, mas talvez seja questão de costume. E dão um charme para o painel.
Direto e reto para o item mais controverso do Dophin Mini: a suspensão: excessivamente mole e com pouco curso, faz qualquer passageiro sofrer de tanto chacoalhar em ruas mais esburacadas. Isso sem falar nas pancadas secas de batente e fim de curso. Faltou muito em termos de adaptação para a realidade brasileira.
Os 230 litros declarados pela fabricante são muito pouco para transportar qualquer bagagem de maior porte. Um motorista de aplicativo, por exemplo, dificilmente conseguirá levar um passageiro ao aeroporto com malas médias ou grandes para uma viagem internacional.
3) Ar-condicionado
Além de não gelar tanto, o que surpreende para um carro chinês, o ar-condicionado do Dolphin Mini possui comandos escondidos na central multimídia, que demandam muito mais da atenção do motorista na hora de configurar do que o recomendável. Isso sem falar na falsa configuração de duas zonas, quando na verdade a climatização é unificada tanto em intensidade quanto temperatura.
Apesar de ter ampliado os prazos de todos os itens de seus carros, a BYD continua a oferecer um plano de garantia confuso. São seis anos para motor, transmissão, baterias e componentes de alta e baixa tensão, sem limite de quilometragem; três anos para outros sistemas (como central multimídia, caixa de direção etc), também sem limite; e seis meses (ou 10.000 km) para itens periféricos como fluidos internos, pneus, limpador de para-brisa, pastilhas e discos de freios e lâmpadas internas.
Isso para consumidores do varejo. Motoristas de aplicativo têm garantia de oito anos para as baterias, seis anos para o motor e cinco anos para componentes de alta e baixa tensão, porém limitados a 500.000 km, 150.000 km e 150.000 km, respectivamente. Outros sistemas são cobertos por 60.000 km (sem limite de tempo) e itens periféricos, por seis meses ou 10.000 km.
Ao comprar um BYD Dolphin Mini, é preciso estar preparado para suas excentricidades: apenas um limpador de para-brisa, nenhum limpador de vidro traseiro e pneus 175/55 R16 que só ele utiliza (embora não tenha havido reclamações de falta de jogos para reposição até o momento).
Em troca, o comprador do BYD Dolphin Mini terá mimos como vidros elétricos com função um-toque e antiesmagamento para o motorista, carregador de celular por indução e projeção de Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
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Fonte: direitonews