BYD dobra previsão de funcionários em fábrica na BA: veja por quê


Quando construiu uma fábrica em Sorocaba (SP), há pouco mais de uma década, a Toyota pretendia importar do Japão os motores dos carros que seriam ali produzidos, assim como fazia com o Corolla em Indaiatuba (SP). Mudanças na legislação brasileira a forçaram a investir para construir uma fábrica de motores.

A montadora foi obrigada a nacionalizar para cumprir regras do Inovar-Auto, programa governamental da época. Caso os carros produzidos não tivessem a quantidade mínima de peças nacionais exigida pelo programa, haveria cobrança adicional de tributos.

O motor, considerado o “coração” do automóvel a combustão, tem grande peso no índice de nacionalização. Foi assim que, em 2016, a pequena Porto Feliz, cidade vizinha a Sorocaba, ganhou uma fábrica e gerou empregos. Os motores que saem dali não só equipam a linha Toyota no Brasil como também são exportados a outros mercados.

O caso da Toyota serve de exemplo para mostrar que, embora em princípio algumas regras governamentais de proteção à indústria local gerem insatisfação para as empresas e prejuízo para o consumidor, com o tempo podem favorecer a todos e virar oportunidades.

No início deste ano, voltou a vigorar o Imposto de Importação para carros elétricos. Poucos dias depois, a BYD anunciou que vai dobrar o número de empregos previstos na primeira fase de operação da fábrica da Bahia, onde produzirá veículos híbridos e elétricos.

Aos 5 mil empregos anunciados para o início da operação, prevista para o fim do ano, foram adicionados mais 5 mil, anteriormente programados para uma próxima etapa.

O anúncio foi feito durante o Brazil China Meeting, fórum realizado no início de janeiro, em Shenzhen, China, numa iniciativa de Valor e Lide, com apoio institucional de O Globo e CBN.

A montadora chinesa sabe que, com a mudança de regras, para manter-se competitiva precisa acelerar a produção local dos modelos que hoje importa. A primeira reação dos importadores de elétricos à volta do imposto foi segurar preços. Mas o repasse se torna inevitável à medida que o tributo aumentará cada vez mais.

A alíquota para modelos elétricos importados ao Brasil saiu de zero para 10% no início do ano. Passará para 18% em julho, 25% em julho de 2025 e alcançará o teto de 35% em julho de 2026. Trata-se do mesmo percentual vigente para os demais veículos vindos de países com os quais o Brasil não tem acordo comercial. Cronograma igual, mas com percentuais mais elevados, será aplicado também aos híbridos importados.

Há sete anos, o governo isentou carros elétricos do Imposto de Importação e reduziu o tributo dos híbridos. A ideia era dar tempo para o consumidor conhecer os veículos e estimular a disseminação das tecnologias no Brasil.

Alguns podem achar que era cedo para o tributo voltar. Mas, de alguma forma, a medida começou a mexer com o setor. Paralelamente, o governo acaba de lançar o Mover, programa que, assim como o Inovar-Auto, dá incentivos em troca de investimento e produção local.

As novas medidas não fizeram nem a BYD nem a GWM, outra chinesa que se prepara para produzir no país, em Iracemápolis (SP), desistirem de seus planos. Pelo contrário: a ideia é acelerar e, muito provavelmente, repetir histórias como a da Toyota.

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Fonte: direitonews

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