BYD começa a montar o primeiro carro elétrico em série no Brasil


O fim da novela da BYD e sua fábrica de Camaçari (BA) parece estar próximo. Nesta terça-feira (1), a empresa apresentou os primeiros carros montados no complexo que foi comprado da Ford ainda em 2023. Além do Song Pro, a chinesa também mostrou unidades do Dolphin Miniprimeiro elétrico feito em série no Brasil. Confirmou ainda que, nas próximas semanas, começará a montar na unidade o sedã King.

No entanto, isso não significa que a produção teve início. Os Dolphin Mini e Song Pro exibidos fazem parte de uma fase prévia, na qual os processos e o funcionamento da linha são verificados. Ou seja, esses veículos não serão vendidos.

Há, porém, promessa de montagem de veículos efetiva entre o fim de julho e o começo de agosto. Segundo Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD para o Brasil, a fase de produção total deverá ter início em até 12 meses (estruturas para estamparia, pintura, solda já estão sendo construídas). A empresa salientou que pretende montar 50 mil carros na Bahia até o fim de 2025 e passar a fazer 150 mil automóveis em 2026.

O galpão de 160 mil metros quadrados em que o evento foi realizado é apenas um dos três que a BYD está erguendo no complexo. A montadora optou por não utilizar quase nada da estrutura original da unidade da Ford, reconstruindo boa parte a fim de fazer seus veículos. Por ora, antigos espaços utilizados pela fabricante norte-americana estão abandonados, mas serão transformados em fábricas de componentes.

No local há seis linhas paralelas, sendo duas de montagem final e com algum carro já em processo de validação. Metade da área, que deverá receber licenças do Corpo de Bombeiros para funcionar plenamente nos próximos dias, está pronta. A outra parte ainda está em construção, com maquinário, inclusive, embalado.

Também é preciso lembrar que há obras no complexo, à exceção dos três galpões, que seguem embargadas pelo Ministério Público do Trabalho após denúncias de más condições de trabalho.

“Nós não viemos aqui para uma montagem. É produção nacional, geração de tecnologia e desenvolvimento”, completou Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da companhia para o Brasil. Vale frisar que, além do início da montagem, a BYD também anunciou a qualificação de 160 empresas instaladas no Brasil para fornecer peças para a unidade de Camaçari.

A fabricante prometeu ainda a abertura de 3 mil vagas de emprego até o fim deste ano. A montadora chinesa irá contratar, destacou, engenheiros, técnicos, operados, seguranças, eletricistas, profissionais de logística, TI e setor administrativo.

Contudo, enquanto parte das obras continuam embargadas, a companhia chinesa seguirá montando carros no Brasil em área reduzida. Isso até que a questão seja resolvida. E, sim, o termo correto para esta fase é montar, porque a fabricação propriamente dita ainda deve demorar. Por enquanto, o local opera em esquema SKD (semi knocked-down), ou semi-desmontado, na tradução livre.

Deixando a compreensão mais clara, os carros chegam importados, prontos, mas desmontados. Cabe ao time local apenas realizar a montagem final. Em muitos casos, o índice de nacionalização é tão baixo que até mesmo o ar usado para encher os pneus é importado.

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É assim que operam Audi e Jaguar Land Rover no Brasil, por exemplo. No caso da BYD, existe uma questão adicional muito importante: a empresa tenta junto ao governo uma condição tributária mais favorável para seguir operando em SKD. Atualmente, esse regime paga a mesma quantidade de impostos de veículos importados, já que, efetivamente, quase não há produção local.

Também é preciso lembrar que esta terça-feira marca um novo aumento nos impostos para veículos elétricos e híbridos importados. Ou seja, quanto mais tempo levar para iniciar a produção de forma efetiva (ou conseguir uma condição melhor para SKD), pior fica a situação da BYD.

Vale ressaltar que a fábrica começa com capacidade anual de montagem de 150 mil veículos. A BYD pretende ampliar este número para 300 mil unidades/ano a partir de outubro de 2026. Há previsão para que Camaçari chegue a uma terceira fase, sem prazo determinado, com expansão planejada para 600 mil carros/ano.

Além de ter encetado a montagem de carros em Camaçari, incluindo o primeiro elétrico em série, a BYD revelou que o Brasil será o primeiro país da América a ter sistema que, segundo a montadora, faz com que a bateria recupere 400 km de autonomia em apenas cinco minutos — praticamente o mesmo tempo que um automóvel a combustão leva para ser reabastecido.

Chamada de Super e-Platform, a tecnologia garante potência de carregamento de 1 megawatt (ou 1.000 kW). Isso se traduz, ainda de acordo com a BYD, em uma velocidade de carregamento máxima de 2 km por segundo. Por fim, a montadora, embora tenha feito o anúncio, não deu uma data exata para o sistema chegar ao Brasil.

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Fonte: direitonews

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