BYD ajudou Apple na construção de carro elétrico que não deu certo


China e Estados Unidos são duas potências que historicamente registram uma relação conturbada, principalmente quando se fala em posicionamento político. Parece, entretanto, que o setor tecnológico fez com que uma bandeira branca fosse levantada entre os dois países, mesmo que por pouco tempo. Isso porque, há alguns dias, fontes ligadas à agência americana Bloomberg relataram que as empresas Apple e BYD trabalharam juntas durante quatro anos no desenvolvimento de um veículo elétrico para a criadora do iPhone.

O objetivo da parceria entre as empresas, que começou em 2017, era desenvolver baterias com alto sistema de segurança, durabilidade e mais eficiência em autonomia do que os modelos já oferecidos na época — a partir de células de fosfato de ferro e lítio. Nessa equação, a Apple compartilhava conhecimento a respeito do funcionamento de pacotes avançados de baterias e contribuía com a gestão de calor desses equipamentos, para não sobrecarregar o mecanismo. Já a BYD tinha domínio no uso da matéria prima e fabricação dessas baterias.

+ Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte.

Segundo a agência, o envolvimento entre a fabricante de carros e a criadora do iPhone começou com a busca da Apple por tecnologias que pudessem viabilizar seu projeto de veículo elétrico. Nesse cenário, executivos da BYD mostraram as primeiras versões da bateria Blade aos americanos, que gostaram do produto. Assim, a ideia era personalizar o material para que atendesse aos ideais do produto que seria lançado sob a insígnia da maçã.

Vale dizer que a Apple já estava inserida no setor automotivo antes de ter seu caminho cruzado com o da marca chinesa, e já havia trabalhado com matérias-primas como níquel e alcalino. Por isso, a ideia era que o fruto dessa colaboração fosse uma bateria personalizada exclusivamente para o projeto da marca americana, que buscava maneiras de ter a eficiência energética como a principal característica em seu carro.

A emblemática união tecnológica entre China e Estados Unidos durou pouco. Ainda segundo a Bloomberg, em 2021 a big tech com sede em Cupertino (EUA) deixou seu projeto com a BYD em segundo plano e também foi atrás de outras parcerias. A ideia ainda poderia ser a de viabilizar o carro com o logotipo da maçã através da linha de produção de outras marcas. A Hyundai, por exemplo, foi uma das empresas procuradas.

Conhecido por muitos como Apple Car, iCar, ou até mesmo Titan (nome do projeto), o veículo da Apple começou a ser viabilizado dez anos atrás, em 2014. Nesse período, estimativas apontam para o investimento de US$ 10 bilhões na viabilização do produto.

Após parceria secreta com a BYD e busca pela colaboração de outras fabricantes, o projeto sofreu com atrasos e dificuldades. Segundo o jornal O Globo, a empresa visava desenvolver um modelo elétrico e autônomo, que oferecesse cabine semelhante a de uma limusine e funcionasse através de comandos de voz.

Sabe-se, ainda, que antes de desistir do segmento automotivo, a marca de eletrônicos chegou a pensar em viabilizar um veículo “mais simples”, com pedais e volante, dispensando o conceito de direção autônoma. Além disso, o lançamento do produto final teria sido adiado em dois anos, passando então para 2028. Mesmo assim, em fevereiro desse ano, os 2 mil funcionários que formavam a equipe de desenvolvimento do Apple Car foram informados de que o projeto havia sido cancelado.

Funcionários foram demitidos ou transferidos. Dessa forma, os que ficaram na Apple passaram a integrar as equipes de inteligência artificial, que passou a receber atenção especial nos últimos tempos, principalmente com a possibilidade de aplicar esse tipo de inovação em diversos setores da indústria e distribuí-los ao consumidor final.

Assim como a dúvida que paira sobre o ditado popular “quem vem primeiro: o ovo ou a galinha?“, a colaboração entre Apple e BYD deixou alguns mistérios. As informações veiculadas pela Bloomberg ainda revelam que as baterias Blade, que hoje equipam todo o portfólio de veículos eletrificados da fabricante chinesa, teriam sido evoluídas a partir do conhecimento adquirido com os engenheiros da empresa de eletrônicos.

Assim, seu design compacto e alta capacidade de autonomia seriam características creditadas à Apple. À Bloomberg, entretanto, a BYD declarou via e-mail que todos os direitos pelo desenvolvimento das baterias Blade são reservados à empresa chinesa. Os engenheiros criaram e aprimoraram o sistema de forma independente.

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

Fonte: direitonews

Anteriores Programa do Governo de incentivo a cidadania fiscal, Nota MT chega a 700 mil usuários
Próxima Suspeito de disparos contra escritório de advocacia é preso pela PM com drogas e munições