“O projeto [AUKUS] extremamente ambicioso tem um enorme calcanhar de Aquiles que, ao final, poderia tornar tudo isso quase impraticável: a burocracia dos EUA”, escreve o autor.
O jornalista menciona o fato de que a Austrália tem que enviar o pedido oficial ao Departamento de Estado norte-americano para “voar e navegar ao lado das forças dos EUA”, mesmo durante exercícios conjuntos.
Segundo o especialista do Fundo Carnegie para a Paz Internacional Ashley Townshend, a burocracia “amarra” todo o negócio.
“A papelada é interminável. O tempo que leva é extremamente pesado.”
Outro exemplo, segundo o artigo, é a situação com a compra de mísseis norte-americanos Tomahawk.
Em 2021, a Austrália pediu até 220 destes mísseis. O acordo, que deve custar até US$ 895 milhões (R$ 4,4 bilhões), inclusive manutenção e apoio logístico, levou dois anos para receber a aprovação dos EUA e ainda enfrenta obstáculos, incluindo a certificação e a disponibilidade dos mísseis.
Stacie Pettyjohn, especialista do Centro para uma Nova Segurança Americana, sugere que, se o AUKUS falhar devido à burocracia, a política externa dos EUA enfrentará sérias consequências.
“É apenas uma forma profundamente arraigada de operar. Se o AUKUS falhar, há uma boa chance de que os Estados Unidos não possam mais defender a ordem internacional liberal, e que ela possa ser superada por desafiadores“, disse ela.
AUKUS em poucas palavras
Em setembro de 2021 Camberra, Londres e Washington formaram o pacto AUKUS, que prevê a entrega de submarinos movidos a energia nuclear à Austrália até 2040.
A aliança está focada no compartilhamento da capacidade militar, incluindo ciberinteligência, inteligência artificial e tecnologias quânticas, mas também armas hipersônicas e os submarinos em questão, movidos a energia nuclear.
Embora o AUKUS afirme não se concentrar em nenhum adversário específico, ele é claramente, por sua estrutura e por comentários de suas nações integrantes, destinado a “dissuadir” a China na região do Indo-Pacífico.
O acordo causou controvérsia em todo o mundo porque a Austrália é um Estado livre de armas nucleares, não tendo sequer um programa nacional de energia nuclear, o que significa que toda a tecnologia deve ser importada e adaptada dos Estados Unidos.
Os submarinos da classe Virginia usam urânio militar como combustível, o que aumenta os temores de proliferação nuclear.
Fonte: sputniknewsbrasil