O ministro das Relações Exteriores da Sérvia, Nikola Selakovic, tweetou na sexta-feira (23) sobre a assinatura do Plano de Consultas com seu homólogo russo, Sergei Lavrov. O documento de quatro páginas foi depois publicado pelo jornal sérvio Novosti, mostrando que era apenas uma agenda de reuniões entre os funcionários russos e sérvios programadas para 2023 e 2024.
“Ninguém deveria assinar nada com a Rússia agora“, disse o embaixador dos EUA, Christopher Hill, à afiliada da CNN N1 na segunda-feira (26), acrescentando que Washington estava “esperando ouvir uma explicação pela assinatura deste documento”.
“A notícia deste acordo assinado com a Rússia foi surpreendente e contrasta fortemente com outras reuniões construtivas em Nova York com funcionários sérvios”, afirmou Hill à AP, e adicionou que “um maior alinhamento com a Rússia é um passo na direção errada e contrário às aspirações europeias declaradas da Sérvia”.
FM #Selakovic and FM #Lavrov of @mfa_russia
signed in New York, at #UNGA77 margins, the Plan of Consultations Between the MFA of Serbia and the MFA of Russia for 2023-2024. pic.twitter.com/340ou62Bdu— MFA Serbia 🇷🇸 (@MFASerbia) September 23, 2022
Chanceler Selakovic e o chanceler Lavrov, do MRE russo, assinaram em Nova York, às margens da 77ª UNGA, o Plano de Consultas entre o MRE da Sérvia e o MRE da Rússia para 2023-2024.
O documento é “um sinal muito claro de sua intenção de fortalecer seus laços, fortalecer ainda mais as relações entre a Sérvia e a Rússia e isso está levantando perguntas sérias”, disse o representante da Comissão Europeia para Assuntos Externos, Peter Stano. “Estamos levando isso muito a sério e estamos acompanhando isso”, ressaltou.
A União Europeia exige que os países que procuram se juntar à aliança estejam em “alinhamento com as políticas europeias, inclusive em questões de política externa”, acrescentou Stano.
O presidente sérvio Aleksandar Vucic tem repetidamente ignorado a pressão para se juntar às sanções do Ocidente contra a Rússia, que a maioria dos sérvios considera uma nação amiga. Ao mesmo tempo, ele insistiu que o objetivo estratégico de Belgrado é aderir à UE, uma posição com muito menos apoio popular.
Para complicar ainda mais as aspirações da UE, Bruxelas e Washington exigem que Belgrado reconheça o Kosovo como condição prévia para a adesão. Vucic se recusou publicamente a fazê-lo.
Contudo, o ministro Selakovic já anunciou que a Sérvia não reconhece ou apoia a votação em Donbass, Kherson e Zaporozhie sobre a adesão à Rússia, citando o compromisso da Sérvia com o direito internacional e a integridade territorial em relação ao Kosovo.