Brasileiros terão que esperar (muito) pelos próximos híbridos nacionais


Em meados de junho, a Volkswagen celebrou 25 anos da fábrica em São José dos Pinhais (PR). Havia uma expectativa de que no evento seria revelada a data do início da produção de veículos híbridos no Brasil, conforme já adiantado pela empresa. Mas dali não saiu nenhuma pista. A unidade paranaense vai receber R$ 3 bilhões do total de R$ 9 bilhões do novo ciclo de investimentos no país, que vai até 2028, para produzir o sedã Virtus e uma picape inédita.

No fim de junho, foi a vez de a Nissan convocar a imprensa para falar dos planos para a fábrica de Resende (RJ) com base no investimento de R$ 2,8 bilhões entre 2023 e 2025. No ano que vem, lançará a nova geração do Kicks. Será um modelo maior, segundo o presidente da Nissan América Latina, Guy Rodríguez. Depois virá um novo SUV, sobre o qual Rodriguez não deu nenhum detalhe. Disse apenas que está previsto também o lançamento de novo motor turbo.

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E quanto à eletrificação? Algum plano de produzir híbridos ou elétricos no Brasil? Havia, entre os jornalistas, grande expectativa de que daquela conversa, durante visita de Rodriguez a São Paulo, surgisse alguma informação sobre as chances de o consumidor brasileiro conhecer o e-Power, uma avançada tecnologia híbrida desenvolvida pela Nissan e já presente em carros fabricados no México. Mas os executivos desviaram a conversa.

Em julho, foi a General Motors que fez barulho em torno do seu novo ciclo de investimentos, mas manteve silêncio a respeito dos planos para eletrificação da linha produzida no Brasil. Em evento realizado na fábrica de Gravataí (RS), a direção da GM anunciou aporte de R$ 1,2 bilhão — do total de R$ 7 bilhões dos novos investimentos — para a fábrica do Rio Grande do Sul, que começa a se reerguer depois da calamidade provocada pelas inundações em maio.

Em Gravataí será produzido um modelo de um segmento do qual a GM ainda não participa. Espera-se um SUV de entrada. O presidente da montadora na América do Sul, Santiago Chamorro, não revelou as características do veículo, mas confirmou, para frustração de muitos, que o motor será só a combustão.

O evento serviu, no entanto, para o consumidor saber que a GM mudou de posição em relação à eletrificação no Brasil. Até aqui, defendia ir direto para os carros elétricos, como fez nos Estados Unidos, sem passar pela etapa dos híbridos. Chamorro disse que o consumidor mostrou desejar essa tecnologia.

Tornou-se um exercício de paciência e expectativas frustradas o trabalho da imprensa de tentar descobrir como andam os planos das montadoras que anunciaram a intenção de produzir híbridos no país.

Até agora, só a Stellantis cravou a informação de que seu primeiro híbrido a etanol estará no mercado até o fim deste ano. Falta confirmar qual marca do grupo fará essa estreia.

Não fosse isso, estaríamos praticamente de volta a 2019, quando a Toyota anunciou a produção, em São Paulo, do primeiro carro híbrido flex do mundo, um Corolla. Desde então, só Toyota e Caoa Chery produzem esse tipo de veículo no país.

A impressão que fica é de que os cronogramas estão atrasados. E talvez por isso a concorrência chinesa assuste tanto.

Marli Olmos é repórter especial do Valor Econômico especializada na indústria automobilística

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Fonte: direitonews

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