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O Brasil registrou a pior classificação de sua história no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024, elaborado anualmente pela Transparência Internacional. O país caiu para a 107ª posição, sua pior pontuação desde o início da série histórica, em 2012. Em comparação com 2023, o Brasil perdeu três posições e já acumula um retrocesso de 38 lugares nos últimos dez anos.
Em um total de 180 países analisados, o Brasil viu seu desempenho despencar de 96ª posição, em 2022, para a 104ª, e agora atinge a 107ª, quase ao lado de países como Argélia, Nepal, Tailândia e Turquia. Há uma década, o país dividia posições com nações da União Europeia, como Itália e Grécia, e ainda estava relativamente distante das atuais crises de corrupção que afligem suas instituições.
Entre os fatores mais citados que contribuem para o mau desempenho do Brasil estão a falta de transparência em programas como o Novo PAC, ingerência política na Petrobras, reiteradas negativas a pedidos de acesso à informação e persistência de corrupção no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), especialmente em esquemas envolvendo o Centrão e desvios de emendas parlamentares. O índice também apontou a anulação de provas e arquivamentos de grandes casos de corrupção, como os relacionados ao Grupo Odebrecht, como fatores agravantes.
Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional no Brasil, alertou que, embora a variação anual seja importante, o foco deve ser a série histórica, que revela uma trajetória alarmante de deterioração das condições de combate à corrupção no país. Ele enfatizou que é crucial reverter essa tendência, pois “a cada ano que passa, ela fica mais difícil de ser revertida”.
O índice deste ano também revela uma realidade dramática em toda a América Latina, onde redes criminosas operam com impunidade, e o Brasil se destaca no cenário negativo. Além disso, o país continua a ser um dos mais perigosos para ativistas ambientais, com quase 80% das mortes de ativistas climáticos registradas nas Américas ocorrendo em países como Brasil, Colômbia e México.
Entre os vizinhos do Brasil, o Uruguai se destacou com a melhor posição na América Latina, ocupando a 13ª posição mundial com 76 pontos. Já a Argentina e a Colômbia, com pontuações de 37 e 39, respectivamente, estão bem próximas do Brasil no ranking.
O índice de 2024 revela que a corrupção no Brasil não é apenas um desafio de gestão, mas uma questão que envolve toda a estrutura do Estado, desde a política até as instituições de justiça e segurança. O resultado é um reflexo do estado crítico em que o país se encontra em termos de governança e transparência.
A Controladoria-Geral da União (CGU) tentou minimizar o impacto do índice, alegando que, em alguns casos, o combate à corrupção pode prejudicar a avaliação, devido ao “impacto negativo da exposição de casos e investigações sobre a percepção pública”. No entanto, a Transparência Internacional considera que a queda no índice reflete um problema sistêmico em várias frentes, não se limitando apenas ao Executivo, Judiciário ou Legislativo. Segundo a organização, o Brasil enfrenta uma crescente captura do Estado pelo crime organizado, uma realidade que pode ser observada de maneira mais evidente em casos de tráfico de animais e plantas silvestres, bem como na violência contra ativistas climáticos.
Fonte: gazetabrasil