“Quando o pedido parte de uma grande potência, em torno de dois anos isso já está resolvido. Quando o pedido parte de um país em desenvolvimento ou subdesenvolvido, demora uns dez anos para ser julgado. […] Já se vão sete anos [do pedido do Brasil], e nenhuma definição ainda foi dada.”
“É tão distante, tão vulnerável, que para se fazer presente precisa estar seguro. Não pode estar ali disponível para instalar toda uma estrutura, fazer uma gama de investimentos e sofrer pressões internacionais a fim de perder esse investimento. E não é só investimento de recurso financeiro. É desgaste de pessoal, lida com a economia nacional, [são] muitas pessoas. Então tem que ter segurança para essa zona marítima ser estabelecida como brasileira.”
“Há uma necessidade cada vez maior de termos equipamentos capazes de transformar a nossa capacidade [de dissuasão] de forma robusta, de os outros países entenderem o seguinte: a dissuasão brasileira não é baseada apenas na fala, na comunicação ou na credibilidade, como também em um poder militar forte.”
“O Brasil está pedindo [o território] porque está próximo. Por mais que esteja além das 200 milhas [cerca de 370 quilômetros da costa], está próximo do Brasil. É uma ilha submersa, mas se estivesse na superfície, seria certamente concedida à soberania brasileira. Não é o primeiro [que pedir] que ganha, mas você pode abrir certos precedentes que já estão ali no horizonte.”
O que o território pode significar para o Brasil?
“Há uma necessidade cada vez mais robusta de procurar terras raras em todo o globo. Então o Brasil, com essa reivindicação, já consegue possuir o seu depósito de terras raras para negociar, para transformar uma geoeconomia, uma diplomacia econômica mais robusta, com capacidade de retirar certos benefícios desses mesmos grandes players.”
“Os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN], os Estados Unidos […] podem concordar com a posse, mas isso não evita que eles usem certos instrumentos, através de organizações não governamentais, que criem um contexto de inviabilização da exploração da ilha. Isso também é possível e é um cenário bem realista.”
“Precisaria de acordos bilaterais para esse controle realmente existir, de fato. Senão, além da falta de controle, vira um conflito de arbitragem internacional, defesa, vulnerabilidade. E, às vezes, aquilo que a gente pensa que era benéfico acaba virando mais um processo de disputa de soberania nacional, de exposição dos nossos poderes e tudo mais.”
“A gente tem tecnologia de exploração subaquática no Brasil desde os anos 1970. O Brasil é amplamente avantajado nas tecnologias de mineração subaquática. Tanto é que o petróleo brasileiro, mesmo sendo retirado de águas muito profundas, atinge validades muito boas em relação ao processo de produção.”
Fonte: sputniknewsbrasil