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O governo brasileiro comunicou, nesta quarta-feira (16), o envio de uma carta à Casa Branca exigindo esclarecimentos sobre a imposição de tarifas de 50% sobre as exportações nacionais, medida anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 9 de julho. O documento, assinado pelo vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), expressa “indignação” diante do que foi classificado como uma ameaça à histórica parceria econômica entre os dois países.
📑 Alckmin critica impacto bilateral Segundo o texto, as tarifas impostas pelos EUA — que devem entrar em vigor em 1º de agosto — provocarão um efeito “muito negativo” para setores estratégicos das economias brasileira e norte-americana. O governo brasileiro ressalta que o comércio bilateral tem sido, há mais de dois séculos, um dos pilares da cooperação entre as duas maiores economias das Américas.
📉 Déficit acumulado e negociações ignoradas O Brasil destaca que mantém diálogo “de boa-fé” com Washington desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em abril de 2025. Apesar do esforço, os norte-americanos ainda não responderam à minuta confidencial de proposta enviada em maio, que detalhava áreas para negociação. O documento também sublinha que, nos últimos 15 anos, o Brasil acumulou um déficit comercial de aproximadamente US$ 410 bilhões com os Estados Unidos, envolvendo tanto bens quanto serviços.
📬 Governo cobra áreas de preocupação Na carta, o Brasil afirma que solicitou “em diversas ocasiões” que os EUA identificassem os pontos específicos que estariam motivando as sanções. Até agora, nenhuma resposta oficial foi emitida pelo governo norte-americano.
⚠️ Escalada diplomática A resposta brasileira marca mais um capítulo na crescente tensão comercial entre os dois países, após os EUA abrirem uma investigação contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais. A carta de Alckmin reforça o apelo por uma saída negociada e denuncia o risco de ruptura em uma relação histórica marcada por trocas comerciais e cooperação econômica.
Eis a íntegra da carta:
No contexto do anúncio por parte do Governo norte-americano da imposição de tarifas contra exportações de produtos brasileiros para os EUA, o Vice-Presidente e Ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram ontem, dia 15 de julho, carta ao Secretário de Comercio dos EUA Howard Lutnick e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, nos seguintes termos:
1. O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.
2 . Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.
3. Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.
4. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.
5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral.
Fonte: gazetabrasil