“[Kim] Dae-jung, presidente na virada do século passado para este, já tinha criado uma agência de promoção cultural da Coreia, que segue um pouco o exemplo do que havia em outros países, como o Japão, por exemplo. É uma vertente de mostrar os valores do que chamo da ‘coreanidade’ para o mundo.”
“Em São Paulo, você já tem, além da KCC, que é a agência cultural, Centro Cultural Coreano, na avenida Paulista. Há também uma demanda grande de estudantes brasileiros para cursar letras coreanas na USP [Universidade de São Paulo], por exemplo.”
“Ela ficou muito tempo estigmatizada pela percepção e promoção da produção norte-americana, de que o país seria apenas um lugar para o uso de drogas, festas, questões de prostituição. Isso é uma percepção rasa do que os americanos viveram depois da Guerra do Vietnã, em que muitos veteranos de guerra depois foram morar ali na Tailândia e entraram nesse estilo de vida”, comenta o especialista.
“Não é somente a luta que é promovida. Também existe todo o lado da filosofia, da ética, dos valores que estão imbuídos no cultivo dessas artes marciais. Então, sim, a gente pode pensar isso como uma primeira projeção suave das sociedades asiáticas no Brasil e além.”
China
“Mas, apesar de todas essas possibilidades que são suscitadas, a China enfrenta estigmatização por conta do que ela chamou ‘déficit cultural chinês’. É difícil para a China atingir outros lugares, se na verdade a imagem da China é tão problemática, se ela é tão malvista nos países em que quer se colocar”, pondera Araújo.
“Criar infraestrutura digital para que as pessoas tenham acesso à Internet e possam conhecer a cultura, acessar museus chineses através da Internet. Só que isso ainda é muito incipiente e não parece ser o carro-chefe da China neste momento”, lamenta ela.
Índia
“A Índia tem tanto significado, tanta história, riqueza para você simplesmente falar, mas aí é a questão da pobreza, a questão da sujeira, a questão do banheiro. Só de você explicar o que é o Taj Mahal para as pessoas já merece aclamação universal do que é tão bonito”, exalta ele. “Os europeus aprenderam jardinagem com as peças e o jardim do Taj Mahal.”
Japão
“Até a Segunda Guerra Mundial, a percepção americana desenhava o Japão como um povo fanático, marcial, militar. Depois da Segunda Guerra Mundial, há uma mudança, do pacifismo, da sabedoria atemporal dos mestres japoneses. O Japão engloba tudo isso. A história japonesa engloba todos os traumas, além das questões naturais, os terremotos, tsunamis”, acrescenta Unzer.
Cingapura
“Não sei quantas vezes o aeroporto de Shaanxi já foi votado o melhor aeroporto do mundo. As linhas aéreas Singapore Airlines são consideradas as melhores do mundo. Então há forte investimento do governo cingapuriano nisso, como também de buscar ser um vetor de atração de investimentos em tecnologia avançada verde, geração de inteligência artificial”, comenta o professor.
“Cingapura recebeu grandes levas de malaios, mas também de chineses e indianos, que compõem a sociedade como um todo. […] E ela se projeta no mundo neste sentido: ‘Aqui somos um ambiente estável, aberto e múltiplo.'”
“E olha que a Malásia tem muito dinheiro porque tem petróleo. Então foi um milagre que a ponta daquela península tenha se transformado em um PIB do tamanho da Malásia, que é seu vizinho ao norte”, exalta ele.
Vietnã e Indonésia
“A Indonésia, em relação a soft powers, tem interesse maior neste momento em trabalhar com a ideia de turismo. Então a gente vai pensar a cultura tradicional indonésia em relação às praias, aos lugares mais bonitos que eles têm.”
“O Vietnã, investiu muito bem na ideia do turismo […] Ideia de beleza natural que de fato é fantástica mas, ao mesmo tempo, a gente também poderia pensar numa perspectiva de limitação. […] Tende a passar um certo ar artificial, de estar muito preparado para o turista ver.”

Fonte: sputniknewsbrasil