Da Redação
A Bronca Popular
Após uma semana marcada por tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro começaram a espalhar nas redes sociais uma informação alarmante e falsa: a de que Donald Trump poderia “desligar o GPS do Brasil” como forma de retaliação pelas investigações contra Bolsonaro.
A alegação ganhou força depois que Trump anunciou a aplicação de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros e o cancelamento de vistos de autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF), da Procuradoria-Geral da República (PGR) e de familiares de ministros.
A decisão foi interpretada por analistas como uma resposta direta ao processo que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe. Bolsonaro já está inelegível até 2030 por decisão do TSE e, agora, passa a usar tornozeleira eletrônica por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
A partir daí, grupos bolsonaristas passaram a difundir a ideia de que Trump poderia retaliar ainda mais, cortando o sinal de GPS utilizado no território brasileiro. Mas essa hipótese é tecnicamente possível? E, se fosse, o que significaria na prática?
É possível desligar o GPS do Brasil?
O sistema GPS (Global Positioning System) é, de fato, controlado pelo governo dos Estados Unidos e operado por satélites do Departamento de Defesa. Em situações de guerra, como na Ucrânia, os EUA já limitaram ou embaralharam o sinal em regiões específicas.
No entanto, especialistas apontam que, embora tecnicamente possível, uma ação desse tipo contra o Brasil seria altamente improvável — e desastrosa também para os próprios Estados Unidos. Isso porque:
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O Brasil não depende exclusivamente do GPS. O país também utiliza outros sistemas globais de navegação por satélite, como o GLONASS (russo), Galileo (europeu) e BeiDou (chinês).
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Serviços de empresas americanas seriam afetados. Aplicativos como Google Maps, Uber, iFood, além de sistemas bancários e logísticos, dependem do GPS. Um bloqueio no Brasil prejudicaria consumidores e corporações dos dois países.
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A repercussão internacional seria severa. O uso do GPS é considerado uma infraestrutura global de interesse comum. Qualquer tentativa de restringi-lo a um país civil, fora de um conflito armado direto, geraria reação de governos, empresas e organismos internacionais.
O que aconteceria se o GPS fosse bloqueado no Brasil?
Caso a interrupção ocorresse, os impactos seriam amplos:
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Logística e transporte sofreriam paralisações, afetando desde caminhões de carga até a aviação civil.
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Aplicativos de entrega e transporte por aplicativo deixariam de funcionar corretamente.
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A internet e os sistemas bancários poderiam apresentar instabilidade, já que servidores dependem de sincronização via GPS para manter segurança e precisão nas transações.
Conclusão: o boato não se sustenta
Apesar da retórica agressiva e dos atritos políticos, especialistas consideram remota a chance de o GPS ser cortado no Brasil por decisão unilateral dos EUA. Além dos riscos econômicos e diplomáticos, a medida seria ineficaz para enfraquecer o país, já que alternativas internacionais ao sistema norte-americano estão disponíveis e operantes.
A circulação desse tipo de boato nas redes sociais serve, sobretudo, para inflamar ânimos em um momento de tensão política. A recomendação de especialistas é que os cidadãos verifiquem as informações antes de compartilhar conteúdos que possam gerar pânico ou desinformação.
Fonte: abroncapopular