O governo da Bolívia convocou nesta segunda-feira (1º) o embaixador argentino no país, Marcelo Massoni, para manifestar “enérgico repúdio” a uma nota do governo de Javier Milei, que acusou seu homólogo boliviano, Luis Arce, de realizar uma “falsa acusação de golpe” na semana passada.
La Paz também convocou o embaixador boliviano na Argentina, Ramiro Tapia, para consultas.
Na semana passada, após ser preso, o general Juan José Zúñiga, ex-comandante geral das Forças Armadas da Bolívia que liderou uma mobilização militar que cercou a sede do Executivo boliviano, disse que o movimento na verdade teria sido idealizado por Arce para aumentar sua popularidade.
Na noite de domingo (30), a presidência argentina divulgou nota na qual disse “repudiar” a “falsa acusação de golpe de Estado feita pelo governo da Bolívia na quarta-feira, 26 de junho, e confirmada como fraudulenta até o momento”.
“Graças aos relatórios de inteligência, o Governo Nacional manteve a calma e a serenidade face aos acontecimentos relatados. O relato divulgado foi pouco plausível e os argumentos não se enquadravam no contexto sócio-político do país latino-americano. O partido político no poder controla o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Poder Executivo e as Forças Armadas”, acrescentou o comunicado.
“A democracia boliviana está em perigo há algum tempo. Não por causa de um golpe militar, mas porque os governos historicamente socialistas levaram a ditaduras. Os exemplos são muitos: Cuba, Venezuela, Nicarágua, Coreia do Norte”, afirmou o governo Milei.
“A Bolívia tem atualmente mais de 200 presos políticos, incluindo a ex-presidente interina Jeanine Áñez Chávez e o governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho Vaca”, disse a presidência argentina na nota.
Nesta segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia divulgou a nota sobre a convocação dos embaixadores.
“Neste contexto, as afirmações desinformadas e tendenciosas sobre a possível existência de presos políticos, ou a possibilidade da inexistência de um golpe de Estado militar fracassado, constituem um negacionismo excessivo e inaceitável, por isso os convidamos a se informarem e agirem dentro do marco dos princípios do respeito pela soberania e da não intervenção nos assuntos internos de outros Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional”, apontou o comunicado.
A pasta disse que “a coexistência pacífica e a fraternidade entre os nossos povos nunca devem ser perturbadas por interesses mesquinhos e ideologias fascistas”.
“A amizade boliviana-argentina é histórica, por isso, estamos gratos pelas milhares de vozes da Argentina que condenaram o fracassado golpe militar na Bolívia, bem como expressaram a sua solidariedade e apoio ao governo boliviano”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia.
Fonte: gazetadopovo