“Uma única transação com bitcoins [principal criptomoeda no mundo] hoje consome mais ou menos a quantidade de energia elétrica que uma residência média nos Estados Unidos consome em um mês e meio. Um consumo de energia completamente exorbitante. Países onde a energia elétrica é muito abundante e muito barata levam enorme vantagem nesse processo.”
“[…] está indo conforme esperado, no sentido de que ele está funcionando gradativamente, tendo uma adoção maior. Mas é de se esperar que uma coisa tão nova, tão diferente, tão revolucionária, demore um pouco mais para ser adotado”, opinou Brito.
“Não houve adoção do bitcoin como moeda legal em El Salvador. O que houve foi a adoção do bitcoin como possível meio para fazer pagamentos que, na verdade, estão em dólares”, disse ele, citando exemplos similares como a China, com o RMB-Digital, e a Nigéria, com o eNaira.
“Hoje, 99% da lavagem de dinheiro acontece em dólares, não em bitcoin, porque o bitcoin é muito mais rastreável do que o dólar. Com o dólar você pega o dinheiro, coloca na sua mala, leva embora e paga alguém. Ninguém consegue saber de onde é que veio. Você consegue pagar tudo, usar em qualquer lugar. Quando você usa e você paga alguém com o bitcoin, ele consegue ver, rastrear de onde essa moedinha veio até chegar no momento da mineração, quando o minerador minerou aquela moeda pela primeira vez.”
“A gente tem um paradigma na nossa cabeça onde a gente está acostumado com dinheiro de papel, com coisas físicas e, de repente, a gente está falando de criptografia, a gente está falando de matemática, a gente está falando de sistemas distribuídos, que é algo muito complexo para alguém que nunca viu […]. assim que esse primeiro, esse susto inicial for superado, ele é tão simples quanto usar um Pix.”
“Nesta semana mesmo teve representantes do vice-presidente [Geraldo] Alckmin comentando a necessidade e a possibilidade de colocar o bitcoin como reserva financeira que, diferentemente de ser uma moeda, seria como o ouro.”
“Você não precisa se identificar para fazer uma transação em bitcoin, como você precisa se identificar para abrir uma conta em um banco. Então os governos nacionais impõem regulações sobre isso, embora também a gente saiba que no sistema financeiro tradicional, com todas as regulações, identificações etc., também se faz todo tipo de atividade ilegal.”
Desafios e entraves
“Moeda é uma questão de poder, de imposição pelas autoridades constituídas, pelas autoridades que detêm os meios de impor leis, de impor comandos, de impor uma ordem sobre determinado território.”
“Elas não estão diretamente ligadas às ações de nenhum governo, a nenhum ativo produtivo, nenhum recurso natural real, material, vamos dizer, como petróleo, como ouro, como qualquer bem concreto.”
“Ninguém tem qualquer controle sobre a quantidade de bitcoins disponíveis, e logo sobre as relações que o bitcoin encontrará frente aos bens e serviços […]. O fato de que você não tem nenhuma autoridade por trás dele, que detenha meios coercitivos para fazer com que o uso do bitcoin seja hegemônico na sociedade”, completou.
Fonte: sputniknewsbrasil