Bateria de carro elétrico vicia e perde autonomia com o tempo?


Com as vendas de carros elétricos e híbridos crescendo cada vez mais no Brasil, um receio comum entre os consumidores é sobre a durabilidade das baterias. Será que elas viciam e perdem autonomia no decorrer dos anos? Muito deste medo vem da experiência com os celulares, que ficam menos eficientes com o passar do tempo e a bateria dura cada vez menos. E tem uma coisa em comum entre os veículos e os smartphones: a maioria das baterias são de íons de lítio.

Embora seja verdade que as baterias de carros elétricos e híbridos percam parte de sua capacidade ao longo do tempo, especialistas afirmam que o cenário não é tão preocupante quanto parece. As baterias dos veículos são projetadas para durar mais de uma década. E práticas adequadas de recarga e condução podem prolongar ainda mais sua vida útil.

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Autoesporte conversou com especialistas para entender como essas baterias se degradam, o que os fabricantes estão fazendo para prolongar sua durabilidade e como o motorista pode garantir o melhor desempenho possível ao longo dos anos.

As baterias de lítio utilizadas nos carros elétricos e híbridos têm uma vida útil considerável, com uma média de 10 a 20 anos de funcionamento, dependendo do uso e das condições a que são submetidas. Carlos Augusto Roma, diretor técnico da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), explica que as baterias de lítio não “expiram” como pilhas tradicionais, mas sua capacidade de armazenar e fornecer energia diminui gradualmente.

“A vida útil média de uma bateria de lítio em um carro elétrico é de 10 a 20 anos em condições normais de uso. A taxa média de degradação é de aproximadamente 1 a 3% por ano”, afirma Roma.

Já Fabio Delatore, especialista em elétricos e híbridos do Instituto Mauá de Tecnologia, destaca que, assim como acontece com os celulares, as baterias de carros eletrificados perdem gradualmente sua capacidade de armazenamento ao longo do tempo.

Ele explica que esse desgaste é monitorado pelo State of Health (SoH), um parâmetro que reflete a saúde da bateria em relação à sua capacidade original. “Com o tempo, as baterias perdem capacidade, o que resulta em menor autonomia e necessidade de recargas mais frequentes”, ressalta Delatore

A perda de capacidade nas baterias de veículos elétricos acontece por conta da degradação química e do uso acumulado. A cada ciclo de recarga e descarga, a resistência interna da bateria aumenta, dificultando o armazenamento de energia. Delatore utiliza uma analogia simples para explicar esse processo: “Imagine uma garrafa PET de 2 litros que foi amassada. Embora ela ainda tenha capacidade nominal de 2 litros, o volume efetivo que pode ser preenchido é menor devido ao amassado. Esse ‘amassado’ é comparável ao efeito da resistência interna nas baterias”.

Outro fator que influencia essa degradação é o uso inadequado. Segundo Roma, “evite carregar a bateria sempre ao máximo ou deixá-la completamente descarregada. O ideal é mantê-la entre 20% e 80% de carga, similar ao que fazemos com elásticos: guardá-los sempre esticados acelera seu desgaste”.

Embora tanto os carros elétricos quanto os híbridos utilizem baterias de lítio, há diferenças na capacidade dessas baterias. Nos veículos elétricos, a bateria precisa ter maior capacidade, pois o motor depende exclusivamente dela para o deslocamento. Já nos híbridos plug-in (PHEVs), o motor a combustão complementa a propulsão elétrica, por isso as baterias são menores. Essa diferença afeta a autonomia dos veículos, mas não altera significativamente a durabilidade das baterias.

Assim como a condução econômica prolonga a vida útil dos motores a combustão, hábitos cuidadosos também podem aumentar a durabilidade das baterias em veículos eletrificados. Seja lá qual for a composição do material dela: lítio, cobalto, níquel, manganês, grafite, alumínio, cobre, aço, entre outros;

Práticas como evitar carregamentos rápidos frequentes e manter o nível de carga entre 20% e 80% ajudam a preservar a capacidade de armazenamento por mais tempo.

“Dirigir de forma econômica e evitar a sobrecarga da bateria são dicas valiosas para aumentar sua vida útil”, afirma Roma. Além disso, os sistemas de gerenciamento de baterias (BMS) têm um papel fundamental em otimizar o desempenho e evitar desgastes prematuros. O BMS monitora constantemente o estado da bateria, protegendo-a contra condições adversas, como temperaturas extremas ou sobrecargas.

Os fabricantes de veículos elétricos geralmente oferecem garantias de 8 a 10 anos para as baterias, ou até que sua capacidade de armazenamento caia abaixo de 70% do original. Marcas como Tesla e BYD se destacam nesse quesito, oferecendo até 240.000 km de garantia. Por fim, é importante destacar que as baterias usadas não se tornam imediatamente resíduos. Muitas podem ser reutilizadas para armazenamento de energia em sistemas estacionários, como painéis solares, ou recicladas para recuperar materiais críticos, como lítio e cobalto.

Embora as baterias de carros eletrificados percam energia com o tempo, sua vida útil é longa, e a tecnologia atual permite gerenciar essa perda de forma eficiente. Com cuidados adequados e tecnologias avançadas de gerenciamento, os veículos elétricos oferecem uma solução de mobilidade sustentável e duradoura.

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Fonte: direitonews

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