Bancos temem aumento da inadimplência e liberam menos financiamentos de carros no Brasil


A inadimplência avançou pouco no Brasil, onde um terço de todos os carros novos são financiados. Segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), os contratos inadimplentes com atrasos acima de 90 dias correspondem a 6,2% de todos os financiamentos em 2023, considerando Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e leasing. O avanço na comparação com o ano passado é de 1,3%.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), sete em cada dez financiamentos de carros são recusados em 2023, considerando modelos novos e usados.

No financiamento CDC, onde o cliente recebe um empréstimo bancário para adquirir o veículo, a inadimplência é de 5,5%. E no caso do leasing, onde o banco cede o uso do carro por um plano de arrendamento, a inadimplência está em 3,3%, de acordo com o Banco Central.

Segundo Paulo Noman, presidente da Anef, o risco de inadimplência do brasileiro deixou os bancos e instituições financeiras mais cautelosos. A maior seletividade na concessão de crédito também se deve a registros de fraudes nos financiamentos.

Além do risco de inadimplência, o momento atual do país também é um fator que desafia a aprovação de novos financiamentos. “A manutenção da taxa Selic em 13,75%, a instabilidade econômica e a constante elevação dos preços têm assustado e afastado novos clientes”, afirma Noman.

Segundo a Anef, vendas de automóveis à vista correspondem a 61% das aquisições de carros novos, impulsionadas por locadoras. Já o pagamento com financiamentos representou 34% no período. Ao todo, R$ 47 bilhões foram liberados por bancos e instituições financeiras, representando alta de 5,2% sobre o ano passado.

Noman diz que os financiamentos mais acessíveis dependem de uma cadeia de acontecimentos, como a saúde financeira do país e novos planos do governo para garantir veículos mais em conta.

“O brasileiro não quer um carro menos seguro e tecnológico, ainda que ele seja barato como os antigos pé-de-boi”, diz o executivo. “O governo precisa garantir que o carro fique mais barato sem comprometer o produto”, completa.

Sobre a taxa de juros, que reflete diretamente no financiamento dos carros, Noman enxerga uma luz ao fim do túnel. “O mercado vê espaço para uma redução futura da taxa Selic, mas ela ainda não começou”, afirma.

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Fonte: direitonews

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