Em análise sobre o agrupamento e suas realizações, o diplomata destacou a importância dos líderes dos países-membros na criação do NBD, um banco de desenvolvimento multilateral, operado pelos Estados do BRICS e fundado como uma alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo ele, a instituição financeira é uma prova do que Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outras nações do sul global são capazes de realizar quando unem forças.
“O NBD provou que o Sul pode se unir e criar instituições similares às criadas nos acordos de Breton Woods. O NBD conseguiu até mais sucesso do que muitas instituições na Europa conseguiram alcançar. É um aspecto único”, disse Reddy, no webinar “Diálogo Índia – América Latina: Expandindo Horizontes”.
© AFP 2022 / JOHANNES EISELEA cidade de Xangai, na China, que abriga a sede do NBD, o chamado Banco do BRICS
A cidade de Xangai, na China, que abriga a sede do NBD, o chamado Banco do BRICS. Foto de arquivo
© AFP 2022 / JOHANNES EISELE
Sobre os investimentos de empresas indianas na América Latina, o embaixador afirmou que, nos últimos três anos, o país asiático passou a ver negócios na região como uma de suas prioridades.
O diplomata ressaltou que a Índia vem intensificando a cooperação e a busca por parcerias com Brasil, Argentina, Paraguai, Colômbia e outros países da região. Segundo ele, há um amplo mercado em potencial a ser explorado nas Américas e na Índia por empresas de ambas as partes.
“As companhias da região estão se sentindo cada vez mais confiantes em entrar na Índia, em lidar com os desafios impostos por nossa burocracia”, disse.
De acordo com Reddy, a Índia é uma porta de entrada ao mercado asiático. Ele afirma que muitas empresas estão percebendo que, ao alcançar o mercado indiano, passam a ter acesso a diversos outros países da região.
“Estando na Índia, você tem acesso a vários países da região. Tudo começa a acontecer. Mais e mais companhias estão querendo ir para a Índia”, relatou.
Parceria em defesa
O diplomata citou ainda setores estratégicos de cooperação entre latino-americanos e indianos. Um dos mais relevantes, segundo ele, é a defesa.
De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o comércio bilateral entre os países atingiu US$ 11,5 bilhões (R$ 62 bilhões) em 2021, tornando a Índia o quinto maior parceiro comercial do Brasil.
Entre janeiro e julho de 2022, o intercâmbio entre Brasília e Nova Deli alcançou quase US$ 8 bilhões (R$ 43,2 bilhões).
“Muitas empresas estão visando colocar dinheiro no Brasil no setor de defesa“, indicou Reddy.
Outro setor que ganhou ainda mais importância em 2022 é o de combustíveis. A crise energética internacional, em meio ao conflito ucraniano, tem demandado parcerias no segmento com urgência.
O embaixador afirma que a Índia é autossuficiente em combustível, mas que ainda carece da importação de produtos que alimentam a cadeia energética.
“Precisamos ir além da competição e olhar para parcerias. Só assim conseguiremos superar os futuros desafios que estão vindo. Todo dia vemos novos desafios”, disse.
Com relação à área médica, Reddy lembrou que, durante a pandemia de COVID-19, a Índia passou a ser reconhecida no setor devido à produção de vacinas.
“De repente, as pessoas passaram a reconhecer o avanço indiano no setor. E quando olhamos para a pandemia, acredito que não podemos escolher não buscar parcerias”, afirmou.
O evento on-line foi organizado conjuntamente pelo Centro de Estudos Africanos, Latino-Americanos e Caribenhos (CALACS, na sigla em inglês) da O.P. Jindal Global University, pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) e pelo Conselho Argentino para as Relações Internacionais (CARI).