“A paz precisa da resolução de conflitos, mas ela também deve ser pensada por si mesma como transformadora do contexto em que o conflito violento se desenvolveu. É nisso que entramos, nessa perspectiva de tentar abrir o leque dos estudos para paz para além dessa conexão […]. Na Guerra Fria, em meio à dissuasão nuclear, a paz era muito entendida como segurança e estabilização, sem se preocupar em entender qual é a natureza desse relacionamento que fez com que esses atores se percebessem como uma ameaça”, enfatiza.
Acordos históricos entre potências levam à paz duradoura?
“O resultado disso costuma ser um equilíbrio muito frágil com a imposição de uma paz negativa, na qual você não tem uma real transformação daquele conflito ou, muitas vezes, [tem] o estabelecimento das condições necessárias para a erupção de um novo conflito, quando os termos desse acordo acabam sendo muito vexatórios. Temos ainda a presença de grandes potências pressionando para que determinados pontos fossem sendo adotados”, resume.
Há algum país que alcançou a paz plena?
“Esses países geralmente aparecem muito bem em índices de paz positiva, com a questão da democracia, acesso ao emprego e estudo, entre outros. Mas, mesmo assim, sabemos que a violência estrutural não foi totalmente eliminada. Existe um elemento de desigualdade, já que são nações com muita xenofobia, um racismo grande em relação aos imigrantes. Então você não tem ali uma paz positiva perfeita”, destaca.
Mesmo sem guerra, América Latina está em ‘paz’?
Fonte: sputniknewsbrasil