Atlas da Notícia é apresentado no Câmpus Araguaia


O 1º Erejor Centro-Oeste 2023, realizado pelo curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Câmpus do Araguaia, contou com a apresentação do projeto Atlas da Notícia.  Angela Werdemberg, coordenadora da pesquisa na região Centro-Oeste, enfatizou a importância, a evolução e as preocupações que o projeto têm, expressas através dos dados obtidos e analisados desde o primeiro ano de pesquisa.

O projeto Atlas da Notícia, inspirado no projeto America´s Growing News Desert da Revista Columbia Journalism Review, é uma iniciativa do ‘Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo’ para mapear todos os veículos jornalísticos no território brasileiro, realizada de forma colaborativa pelos cursos de jornalismo de todo o país e conta com o patrocínio da Meta Journalism Project, além do apoio da Intercom e Abraji. Atualmente, a pesquisa caminha para a 6ª edição e possui uma base de dados com mais de quatorze mil veículos de notícias cadastrados no Brasil.

A coordenadora  Angela Werdemberg contou a trajetória e o desenvolvimento da pesquisa realizada pelo projeto, que no primeiro ano analisou apenas base de dados de órgãos oficiais, como a Anatel e, em razão disso, somente informações básicas como o nome e o CNPJ do veículo estavam disponíveis. Em comparação, nas últimas edições, com a colaboração dos professores e acadêmicos de jornalismo de todo o país, as pesquisas tiveram mais profundidade, considerando novas informações para a base de dados, como as redes sociais, contato, quantidade de funcionários e, especialmente, o modelo de negócio, que se tornou um fator de interesse para a realização de novas pesquisas.

Angela comenta que, apesar do Atlas ser uma pesquisa quantitativa, na última edição,  em 2022, foi realizada uma pesquisa qualitativa, avaliando a qualidade de determinados veículos de notícias. O intuito é que o projeto vá além de servir como base de dados para pesquisas acadêmicas, científicas e de profissionais da área da comunicação, e passe a contemplar o meio mercadológico, visando promover e estimular os modelos de negócios locais. “A gente também estabelece como meta, a partir desse ano, pensar em políticas públicas que possam incentivar o jornalismo local.”

Durante a exposição, a coordenadora explicou os termos ‘desertos de notícia’, e ‘quase desertos de notícia’, que são os índices comparativos na pesquisa, e analisou dados nacionais e da região Centro-Oeste. Como exemplo, ela citou que, de acordo com o Atlas da Notícia, o estado de Goiás tem 39,8% dos municípios considerados desertos de notícias, pois não possuem nenhum veículo de notícia local, dessa forma, recebem o sinal televisivo da capital Goiânia. Para ela, “esse distanciamento geográfico também gera diferença socioeconômica e de prioridades a serem debatidas por grupos pertencentes aos dois municípios”, uma vez que é necessário veículos de jornalismo local produzindo informações sobre o próprio território, e não a captação de informações sobre a capital.

Angela conclui a apresentação do projeto falando sobre o objetivo da pesquisa deste ano, em que o foco é analisar as áreas consideradas ‘quase desertos de notícia’, que possuem apenas 1 ou 2 veículos de notícias. Ela ressalta que “o jornalismo local é uma ferramenta para o entendimento de problemas e processos das comunidades como um todo”. Além de agradecer as universidades colaboradoras, a coordenadora também faz um convite para novas universidades que tenham interesse em ingressar nas pesquisas em todo o Brasil. 

Impressões do público


Após a apresentação, a mediadora Sabrina Moreira retomou a fala para coordenar o período reservado para as dúvidas e impressões do público participante. As perguntas realizadas nos comentários foram relacionadas, principalmente, aos métodos utilizados pelo projeto para catalogar os veículos de notícias, quais tipos de veículos e segmentos são aceitos, e se o projeto presume soluções para reverter os cenários de desertos e quase desertos de notícias.   

Em resposta,  Angela Werdemberg cita os segmentos aceitos, sendo eles online, rádio, impresso e televisivo, e detalha os métodos para cada um, em que os colaboradores passam por uma espécie de treinamento para cadastrar os veículos de notícias. Após o recebimento dos formulários, há supervisão e checagem das informações realizadas pelos coordenadores regionais e, somente depois, são incluídos na base de dados do projeto. A coordenadora também reforça a importância de políticas públicas para a construção e o fortalecimento do jornalismo local, como possível solução para reverter os atuais cenários de desertos de notícias.

Para finalizar, a mediadora Sabrina Moreira questiona como o público e os participantes do projeto podem contribuir para a longevidade do Atlas da Notícia.  Angela diz que para manter a longevidade é essencial a continuação da parceria com as universidades e instituições de ensino colaboradoras, para que a atualização e a alimentação da base de dados seja realizada frequentemente a fim de retratar a realidade dos cenários jornalísticos locais do Brasil. Outro aspecto crucial é o investimento no projeto, que atualmente busca novos financiadores para que as pesquisas possam avançar em outros ideais.

Basta acessar o site do projeto Atlas da Notícia para conhecer, indicar e consultar dados dos veículos de notícias de todo o país.

Fonte: ufmt

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