Após examinar dados novos e arquivados de uma variedade de telescópios espaciais e terrestres, uma equipe de cientistas liderada por pesquisadores da Penn State e da Universidade de Osaka, publicou um artigo no The Astronomical Journal evidenciando que um corpo celeste passou inesperadamente na frente de sua estrela duas horas antes do que os modelos previam. Segundo os autores, a melhor explicação para o fenômeno é a presença de um quarto planeta, cuja atração gravitacional impacta as órbitas dos outros planetas do sistema.
“Planetas ultragasosos são muito incomuns, pois têm massa e densidade muito baixas”, disse Jessica Libby-Roberts, bolsista de pós-doutorado do Centro de Exoplanetas e Mundos Habitáveis na Penn State e coautora do artigo.
Segundo a coautora, os três planetas conhecidos anteriormente que orbitam a estrela Kepler-51 têm aproximadamente o tamanho de Saturno, mas apenas algumas vezes a massa da Terra, resultando em uma densidade como algodão doce, o que leva os cientistas a acreditar que seus núcleos sejam minúsculos, e uma enorme zona atmosférica composta por hidrogênio e hélio.
Como esses planetas se formam sem que a radiação poderosa de suas estrelas destrua suas atmosferas, no entanto, ainda permanece um mistério para a ciência.
A descoberta curiosa chega em um momento de surpresa, uma vez que os pesquisadores não tinham motivos para acreditar que o modelo de três planetas do sistema Kepler-51 fosse impreciso. O modelo de três planetas da equipe previu que Kepler-51d transitaria por volta das 02h00 EDT (03h00 horário de Brasília) em junho de 2023, e os pesquisadores se prepararam para observar o evento com o JWST e o Observatório Apache Point (APO, na sigla em inglês).
© Foto / NASA /ESA/L. Hustak et allIlustração mostra a estrela semelhante ao Sol Kepler 51 e três planetas gigantes que o telescópio espacial Kepler da NASA descobriu em 2012–2014
Ilustração mostra a estrela semelhante ao Sol Kepler 51 e três planetas gigantes que o telescópio espacial Kepler da NASA descobriu em 2012–2014
© Foto / NASA /ESA/L. Hustak et all
Os pesquisadores então começaram a observação um pouco mais cedo do que o planejado, para calibragem e definição dos equipamentos e logo após a análise dos novos dados do APO e do JWST, puderam confirmar que haviam capturado algum objeto durante o trânsito de Kepler-51d.
Como o novo planeta, Kepler-51e, ainda não foi observado em trânsito — talvez porque ele não passe na linha de visão entre sua estrela e a Terra — os pesquisadores notaram o quão importante era obter o máximo de dados possível para dar suporte aos seus novos modelos.
“Realizamos o que é chamado de busca de ‘força bruta’, testando muitas combinações diferentes de propriedades planetárias para encontrar o modelo de quatro planetas que explica todos os dados de trânsito coletados nos últimos 14 anos“, disse Kento Masuda, professor associado de ciências da Terra e do espaço na Universidade de Osaka e coautor do artigo.
Os pesquisadores acreditam que Kepler-51e tem uma órbita de 264 dias, o que os obriga a dedicar um pouco mais de tempo de observação para obter uma imagem melhor dos impactos de sua gravidade no sistema como um todo. Em um futuro próximo, os dados coletados por JWST podem fornecer informações sobre a atmosfera, composição e outras propriedades dos três planetas para melhor compreender como se formaram, uma pergunta ainda sem resposta.
Fonte: sputniknewsbrasil