“Atingimos um crescimento de 3,1% em 2023. Esse crescimento é maior do que o que o Fundo Monetário Internacional [FMI] e o Banco Mundial previam para a nossa economia. Estamos sempre muito à frente do que preveem os organismos internacionais”, afirmou Arce em 5 maio deste ano, em evento comemorativo dos 88 anos da Confederação Sindical dos Motoristas da Bolívia.
O que viabilizou a ascensão econômica da Bolívia?
“É recurso externo, eu diria que uma grande parte dos recursos externos [vem] principalmente da questão do petróleo, e também do ponto de vista da distribuição de recursos internos e investimentos estatais. A variação do petróleo sempre ajuda a Bolívia nesse sentido de aumentar ou diminuir a sua participação internacional. O principal produto dele [do país] são os hidrocarbonetos”, afirma.
“Então a Bolívia sempre viveu fruto de uma economia exploratória, extrativista, onde a maior parte da população não existia enquanto atores políticos. Essa maioria acabou se organizando em torno do MAS, e o MAS fez o primeiro governo de todo o povo da história da Bolívia, o que resultou em uma melhoria econômica, causada por uma melhoria institucional”, enfatiza.
Como o Sul Global contribui para a ascensão da Bolívia?
“É óbvio que é um projeto do MAS e de todos aqueles que defendem um projeto nacional e popular para a Bolívia, que ela se integre à economia mundial pelo caminho do Sul Global. Então o BRICS necessariamente acaba sendo um instrumento fundamental para isso, e a Bolívia tem intensificado essa relação.”
A quem o crescimento da Bolívia pode incomodar?
“A Bolívia naturalmente incomoda quando o Estado boliviano assume o controle do lítio, que hoje em dia é o principal mineral que o país explora e serve como insumo para as baterias, sobretudo dos carros elétricos, e o Estado assume que não vai ser uma exploração como sempre foi na Bolívia, como é na África, como tem mudado na África. Aliás, e que vai precisar ter algum marco legal, alguma regra de partilha e de entrada de atores internacionais para a exploração do lítio na Bolívia. Então naturalmente são esses setores que ficam incomodados com o governo do MAS e que gostariam de um governo de outra ordem.”
Por que a Bolívia vivenciou uma tentativa de golpe em um momento de ascensão?
“Isso claro que vai ser explorado politicamente por todos os candidatos que vierem a disputar essa eleição. Todos acabam disputando esse cenário, que expõe uma divisão entre esquerda e direita, para tentar sair com algum fortalecimento. […] outros países do mundo utilizarão cenas, reportagens, declarações para tentar enfraquecer ou fortalecer um lado ou outro em uma eleição que será bem polarizada, como está demonstrado em todo o Cone Sul.”
“Houve um confronto na Ucrânia. Isso aumentou o preço do petróleo internacionalmente e, como consequência, a inflação em toda parte. Então os EUA se defendem aumentando a taxa de juros e reduzem o preço do barril, contêm o preço do barril de petróleo. Isso gera, por outro lado, escassez de dólares, porque os Estados Unidos passam a atrair os dólares internacionais em profusão para si. Então os dólares no mundo começam a voltar para os EUA, e isso ataca uma economia como a Bolívia que, embora não seja dolarizada totalmente, tem um papel do dólar ali.”

Fonte: sputniknewsbrasil