Especialistas consideram o achado um dos mais importantes exemplos da arte romana antiga já identificados na península da Ístria, revelando o luxo e a sofisticação cultural da antiga Pula romana.
A peça, de cerca de 98 centímetros de comprimento, 44 de largura e 30 de altura, foi descoberta em duas partes a três metros de profundidade, sob a rua Castropola. A equipe, liderada pela arqueóloga Aleksandra Paic, realizava pesquisas em um antigo domus — uma residência familiar luxuosa — em um terreno privado da empresa Kastel Centar.
A escultura mostra o jovem deus repousando sobre uma pele de leão, ao lado de um pequeno lagarto — um motivo raro na arte europeia antiga.
“Literalmente o despertamos de um sono de dois mil anos“, contou Paic, descrevendo o momento em que a figura de Eros, o deus do amor, emergiu do solo.
De acordo com a curadora Silvana Petesic, do Museu Arqueológico da Ístria, a obra é feita de mármore branco de grão fino, de origem ainda desconhecida, e demonstra habilidade artística excepcional.
“O nosso Eros repousa sobre a pele de um leão, com a cabeça apoiada na cabeça do animal, esculpida com delicadeza impressionante. Pouquíssimos exemplares na Europa se mantêm tão completos quanto este“, afirmou.
O local da descoberta, que cobre cerca de 1.200 metros quadrados, integra a antiga área urbana da Pula romana. Escavações preliminares indicam que a domus era ricamente decorada com mosaicos, mármores e afrescos, sinalizando que pertencia a uma família da elite durante o auge da cidade no século II d.C., quando Pula — então chamada Pola — era uma próspera colônia romana e importante centro comercial do Adriático.
Para Darko Komso, diretor do Museu Arqueológico da Ístria, a descoberta reforça o valor histórico da cidade. A escultura está sendo restaurada e, após limpeza a laser e recomposição das partes, será exibida permanentemente no museu.
“É uma ponte entre a cidade antiga e a moderna, um lembrete de que sob cada pedra de Pula há uma história esperando para ser redescoberta“, acrescentou Komso.
Fundada há mais de 2.300 anos, a cidade mantém vestígios de todas as suas eras — da romana à austro-húngara — e continua a revelar segredos que iluminam a vida e a arte do mundo antigo.
Fonte: sputniknewsbrasil









