ANP retoma mistura maior de biocombustíveis na maior do parte do RS, cita melhora na oferta


Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A reguladora do setor de petróleo e combustíves ANP diminuiu nesta sexta-feira a abrangência de uma redução temporária na mistura mínima de biodiesel no diesel e de etanol anidro na gasolina no Rio Grande do Sul, diante dos eventos climáticos, para apenas quatro municípios.

A partir de agora, segundo a reguladora, apenas Canoas, Esteio, Rio Grande e Santa Maria poderão reduzir temporariamente os percentuais de mistura obrigatória de biocombustíveis e não mais o Estado inteiro, conforme o anunciado na última segunda-feira.

“A redução da abrangência para esses quatro municípios se deu devido à identificação, pela ANP, de que a situação do abastecimento no restante do Estado se estabilizou”, explicou a autarquia, que manteve ainda o prazo de 30 dias para a medida, a contar da decisão original de 4 de maio.

A medida foi anunciada após a Frente Parlamentar Mista do Biodiesel do Congresso Nacional (FPBio) ter defendido que decisão anterior era prejudicial à economia no momento de recuperação do Estado, em razão da calamidade que atinge a população gaúcha.

“A ANP fez o certo ao atender a FPBio”, disse em nota o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da FPBio.

“O comércio desse biocombustível é crucial para ajudar a girar a economia, justamente nesse período em que há todo um esforço para promover a reparação dos prejuízos às pessoas e a recuperação do Estado para que a população gaúcha retome suas atividades.”

Ao tomar a medida, no início da semana, a ANP explicou que buscava assegurar o fornecimento de combustíveis com controle de qualidade, diante de dificuldades no abastecimento, em especial no acesso ao biodiesel e ao etanol anidro, que normalmente chegariam por via rodoviária ou ferroviária às bases de distribuição em Esteio e Canoas (RS).

Do lado dos combustíveis fósseis, não houve alteração no fornecimento, já que chegam por ligação dutoviária da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), da Petrobras, em Canoas (RS), e às bases de distribuição no entorno.

Nas quatro cidades, o diesel S-10 vendido nos postos poderá ter no mínimo 2% da mistura de biodiesel no Estado, ante 14% do percentual vigente, enquanto o diesel S-500 poderá ficar sem mistura do biocombustível, informou a autarquia.

Já a gasolina poderá ter temporariamente o mínimo de 21% de etanol anidro, versus 27% da mistura vigente.

A ANP destacou em seu comunicado que o período de validade da medida, assim como os locais onde ela está em vigor, poderão ser alterados a depender das condições de abastecimento no Estado, onde foi decretado estado de calamidade pública devido às chuvas que impactaram a região desde a semana passada.

“Apesar da interrupção da operação da ferrovia e de duas bases de distribuição de combustíveis em Canoas/Esteio, a entrega de produtos na região metropolitana segue melhorando e os volumes se aproximam da média antes da enchente”, disse o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), em boletim nesta sexta-feira.

O suprimento da base aérea de Canoas, bem como dos aeroportos indicados pelas companhias aéreas como prioritários para suporte ao Estado, está equalizado, adicionou o IBP, que representa importantes agentes do setor, como a Petrobras e as três principais distribuidoras do país: Vibra Energia , Raízen e a Ipiranga, do grupo Ultra .

POSTOS DEBAIXO D´ÁGUA

A medida da ANP contribuiu para que o setor conseguisse lidar com os desafios, afirmou à Reuters mais cedo o presidente do sindicato de postos local Sulpetro, João Carlos Dal’Aqua.

Dal’Aqua reiterou que não há escassez de produto no Estado, mas um cenário ainda de grande de dificuldade logística para a entrega de combustíveis em determinadas regiões.

“Porto Alegre está praticamente com uma entrada só, até hoje, de acesso. Então, um caminhão que fazia uma viagem em três horas, hoje está levando oito horas, dez horas. Isso tudo dificulta”, afirmou.

Ele ressaltou ainda que não foi possível também fazer um levantamento completo sobre quantos e como os postos de combustíveis foram afetados, dos cerca de 3 mil que o Estado tem atualmente, em meio a inúmeras dificuldades, incluindo no contato com os revendedores diante de tragédias.

“Nós temos dezenas de postos debaixo da água, completamente alagados”, afirmou.

“A gente sabe que só uma distribuidora tem mais de 20 postos afetados, só uma… tem uns que foram afetados por água, por inundação, por outros passou uma enchente e levou um monte de coisas, outros estão inundados até hoje, então nós estamos tentando mapear isso, mas não é fácil.”

Na véspera, a Vibra Energia afirmou que estava operando sua base de Canoas com até cerca de 50% de sua capacidade, já que a demanda estava impactada pelas fortes chuvas na região, que interromperam os fluxos nas estradas.

(Por Marta Nogueira)

Fonte: noticiasagricolas

Anteriores Haddad minimiza redução menor da Selic e nega racha entre indicados por Lula e Bolsonaro
Próxima Preços do milho firmes em meio a cenário de incertezas climáticas